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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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Existe risco no Brasil de caos social?

JORGE GERDAU JOHANNPETER, empresário:
"No meu entender, não existe uma situação de caos social no país. Existem problemas localizados, mas jamais se pode classificar como caos social".

MARCOS PROCHET, 44, presidente da UDR Noroeste do Paraná:
"Existe uma desordem indo para o caos. Começou nas cidades o inferno que o campo vive há anos, com invasões e desrespeito à lei".

JOÃO PEDRO STEDILE, coordenador nacional do MST:
"De jeito nenhum. O que aconteceu foram situações normais, de mobilizações de alguns setores em defesa de seus direitos. O que falta no país é democratização dos meios de comunicação, para que a visão vesga de três, quatro editores que monopolizam a imprensa burguesa no Brasil não seja a única visão dos fatos".

RICARDO CARNEIRO, 51, economista, diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp:
"Não há desordem social, há crise social. Há crise social que foi agravada com as taxas de desemprego muito elevadas e a queda de renda muito significativa da população".

JOSÉ MARIA DE ALMEIDA, presidente nacional do PSTU e membro da executiva nacional da CUT:
"Sim, existe uma crise social profunda causada pelo desemprego e pela exclusão social, fruto de privilégios que os banqueiros e os grandes empresários sempre tiveram na nossa sociedade e que, lamentavelmente, continuam tendo no governo Lula".

JOSÉ DOMINGUES GODÓI FILHO, 48, vice-presidente do Sindicato Nacional das Instituições de Ensino Superior:
"Não. Desordem, não. Acho que existem manifestações democráticas pela insatisfação do rumo que o país está tomando".

RUTH ESCOBAR, atriz:
"Não tenho ainda elementos para fazer essa avaliação. O que eu sinto é que o sonho acabou. Há uma desesperança absoluta com o governo Lula".

LUIZ MARINHO, presidente da CUT:
"Não, não há caos nem desordem. O que existe é uma pressão crescente social seja no campo seja na cidade em consequência do desemprego recorde. Descontrole, caos, isso não. Estamos longe disso. Eu vejo a economia com, inclusive, otimismo".

JOÃO PAULO RODRIGUES, dirigente nacional do MST:
"Não existe caos no Brasil. Isso é uma falácia, uma paranóia e uma tentativa de abalar o governo de esquerda do presidente Lula".

ANTÔNIO ERNESTO DE SALVO, 69, presidente da CNA:
"Não chegaria ao ponto de caos social. O que ocorre é que os movimentos sociais estão fora de controle das lideranças e do próprio governo".

MARCOS COSMO DA SILVA, 38, fundador e principal coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Pernambuco:
"Acho que existe, no momento, uma verdadeira convulsão social. Agora, se há uma baderna, não foram os trabalhadores quem a criaram. Quem criou foi uma elite que está no poder há 500 anos".

JOÃO DE ALMEIDA SAMPAIO FILHO, 38, presidente da Sociedade Rural Brasileira:
"Acho que existe uma situação de desordem. O governo está sendo tolerante com os movimentos compostos por alguns excluídos, mas também por gente que quer a mudança do sistema político, o que caracteriza uma situação de desordem, e o governo não está coibindo como deveria".

ABRAM SZAJMAN, presidente da Federação do Comércio de São Paulo:
"Não se trata nem de caos social nem de desordem. O governo já disse que irá reprimir os atos ilegais, mas existe uma situação de cobrança de alguns segmentos da sociedade. Há uma pressão desses segmentos para eles conseguirem algum resultado".

ARMANDO MONTEIRO, deputado e presidente da CNI:
"Não existe situação de caos social, e sim de tensões sociais, que, a meu ver, são latentes em algumas áreas, sobretudo no campo e em algumas áreas urbanas. [...] Não há razão para imaginar que a luz vermelha acendeu, mas a luz amarela já está acesa".

HORACIO LAFER PIVA, presidente da Fiesp:
"Desordem, sim, caracterizada por provocações de alguns segmentos, mas nada ainda indica uma situação de descontrole".

LUIZ GONZAGA BELLUZZO, 60, professor de economia da Unicamp:
"Não. Eu diria que há uma histeria de médio porte. E acho que é um pouco artificial. Não vejo nenhuma ameaça institucional. A situação de hoje é um produto de muitos anos. Você vai acumulando uma massa de excluídos e tem que se dar conta de que haverá algum resultado. Naturalmente que há um conflito, mas não há caos".

BOLIVAR LAMOUNIER, cientista político, é pesquisador senior do Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo:
"Não. Se houvesse desordem ou caos social a vida cotidiana estaria desorganizada, as instituições estariam a ponto de não funcionar e haveria insegurança generalizada. O que existe é uma situação difícil, problemática, tensa, o que se deve às mazelas sociais do país, que vêm de longa data".

LUCÉLIA SANTOS, atriz:
"Creio que não. Nada diferente do que tem sido nos últimos anos. A diferença é a transparência advinda de uma democracia ampla como agora".

TASSO JEREISSATI, senador (PSDB-CE):
"Estamos vendo isso com preocupação extrema. O ponto principal é o desrespeito à ordem, e isso já se torna um problema grave em todo o país, inclusive econômico, se o MST ameaça a ordem com aparente anuência do governo".

SÉRGIO MAMBERTI, ator e secretário nacional de Música e Artes Cênicas:
"É um absurdo dizer uma coisa dessas. De jeito nenhum. Se você for observar o risco Brasil, verá que a situação é estável".

JOSÉ CARLOS ALELUIA, líder do PFL na Câmara:
"Não classifico como caos social, mas há risco de que isso ocorra. Há complacência do governo, que parece incentivar isso".

NILSON NAVES, presidente do STJ:
"Não vejo nenhuma desordem ou caos social no país. Os três Poderes da República estão atuando livre e normalmente, de forma independente, como deve ser".

FRANCISCO FAUSTO, presidente do TST:
"Não há desordem onde as instituições funcionam plenamente. As instituições brasileiras estão aí funcionando normalmente".

PAULO SÉRGIO DOMINGUES, presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil:
"Pior do que isso. Nas grandes metrópoles chegamos a ter quase um Estado paralelo".

LUIZ WERNECK VIANNA, cientista político, professor do Iuperj:
"Não. Desordem, não. Há uma ordem injusta. Os movimentos sociais estão procurando canais legítimos de expressão. O objeto do MST e dos sem-teto não tem sido a propriedade legal, mas sempre uma propriedade podre, vulnerável do ponto de vista da sua função social".

GRIJALBO COUTINHO, presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho:
"Não. Temos problemas sociais acumulados ao longo dos anos, cuja responsabilidade é de vários governantes. O aumento das tensões é fruto do acúmulo e da falta de resposta adequada".



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