São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2004

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Eleitoras são 13,6% a mais que homens em São Paulo

São quase meio milhão de mulheres a mais; para sociólogo, voto feminino influencia decisão total

FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO

Já há quase meio milhão de mulheres a mais que homens no eleitorado paulistano: em números absolutos, são 4,1 milhões de mulheres contra 3,6 milhões de homens -número 13,6% superior.
A distância cresceu 138.442 votos se comparada a 2000, quando o eleitorado feminino era 10,5% maior que o masculino. No total, os eleitores passaram de 7.134.821 para 7.771.503: 8,9% a mais. As mulheres cresceram 10,4% no período. Os homens, 7,4%.
A supremacia feminina em São Paulo pode fazer diferença nas urnas, diz o sociólogo Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha: "É uma importância mais social do que numérica". Ele explica: "Estatisticamente, ainda é pouco o impacto. Mas desde 2002 vimos que o voto feminino antecipa o movimento do eleitorado. Aconteceu em vários momentos". Em outras palavras, mais que a superioridade numérica, é a capacidade de influenciar o voto masculino que está em jogo.
Para Paulino, esse efeito é potencializado em uma eleição municipal em comparação ao pleito federal: a pauta vai da política macroeconômica, por exemplo, para temas de educação e saúde, mais colados ao cotidiano da família.
A conquista do voto feminino está na agenda dos quatro principais candidatos -dois deles mulheres- com propostas para o público (leia texto nesta página).
Em comparação a 2000, as mulheres tiveram ligeiro aumento de representação paulistana: são 53% contra 46,6% dos homens (há quatro anos eram 52,2% contra 47,2%). A representação também é levemente maior que a do eleitorado do Estado (51,41% contra 48,29%). A tendência eleitoral e demográfica é nacional.
O eleitorado feminino é maior que o masculino em todas as faixas -é maior que a média, 13,6%, para os com mais de 45 anos. Entre 45 anos e 59 anos, as mulheres são 17,4% a mais que os homens. Entre 60 anos e 69 anos, 29,4% a mais. Para quem tem mais de 70 anos, o voto é facultativo.
O crescimento do voto entre mulheres também vence o dos homens -é consideravelmente maior entre as jovens de 16 anos (aumento de 171,6% das mulheres contra 151,7% dos homens) e de 60 anos para frente.
Um dos fatores que explicam os números, diz Fernando Roberto Albuquerque, do IBGE, são as mortes por causa externa (violência e acidente) entre os homens. Em 2002, o tipo de acontecimento foi responsável por 70,67% dos óbitos dos rapazes de 15 a 24 anos.
Na outra ponta, está a maior expectativa de vida das mulheres. "Numericamente, as mulheres são sempre superiores aos homens. Todos os censos mostram isso. Antes, pensava-se que, com a ida da mulher para o mercado de trabalho, sob os mesmos problemas e riscos dos homens, os números se aproximariam, mas isso não ocorreu", afirma.

Mais jovens
Na análise de faixa etária, os jovens de 16 anos aptos a votar em outubro em São Paulo apresentam o maior aumento em relação a 2000: 161,7% a mais. Eles eram 19.470 e são agora 50.959.
Entre os que têm 17 anos, o aumento foi de 52,3 %: de 65.300, em 2000, para 99.464, em 2004. O voto de quem tem menos de 18 anos também é facultativo. Em São Paulo, eles ainda não representam 0,02% dos eleitores. A mais gorda faixa, com 1.808.307 votos, são os eleitores entre 25 e 34 anos ( 23% do total). Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral.


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