São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Paulo Maluf afirma que "a pessoa vai pegar o financiamento público e o privado depois"; Serra também defende voto distrital

PT e PSDB defendem financiamento público

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia depois de a Folha revelar que os governos municipal e estadual têm contratos milionários com seus doadores de dinheiro na campanha, os candidatos José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT) se mostraram favoráveis ao financiamento público.
Já o candidato do PP, Paulo Maluf, afirmou que não concorda com a proposta, porque "a pessoa vai pegar o financiamento público e o privado depois". "Você vai pegar o dinheiro do governo e o dos empresários, vai ficar com o dobro do financiamento."
O candidato tucano defendeu a implementação do voto distrital nas cidades como forma de "moralização do processo eleitoral".
"O financiamento público de campanha por si só não basta, se não mudarmos o sistema eleitoral. É preciso que se tenha um sistema eleitoral que diminua os custos. E o voto distrital é a chave desse processo", afirmou Serra.
Pelo voto distrital, cada região da cidade tem direito a eleger um vereador. "Porque aí, um vereador em São Paulo vai procurar votos junto a 100 mil, 200 mil eleitores, e não junto a mais de 7 milhões, o que encarece muito a campanha", afirmou o tucano.
Questionada sobre o assunto, a prefeita Marta Suplicy, afirmou que "acharia bem interessante que isso [o financiamento público] ocorresse no Brasil".
Na edição de ontem, a Folha revelou que 29 empresas que contribuíram para a eleição de Marta receberam R$ 1,4 bilhão em contratos com a prefeitura. No caso do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), do partido de Serra, 38 das 131 empresas que deram dinheiro para sua campanha em 2002 têm contratos com o Estado. No total, receberam R$ 564,8 milhões desde que o tucano sucedeu Mário Covas, morto em 2001.
Procurados pela Folha, nem a prefeitura nem o governo quiseram comentar essa relação.
Outro assunto relativo a doações de campanha também foi comentado pelos candidatos do PSDB e do PT. No domingo, a Folha revelou que existem muitas doações feitas diretamente aos diretórios dos partidos, e não aos candidatos, que dificulta o rastreamento das relações.
Para Marta, "no Brasil isso tudo ainda é mal-resolvido". "Acho que o importante é ter o maior jeito possível de transparência."
Serra defendeu a legalidade das doações feitas diretamente aos diretórios dos partidos. "O que a lei permite é correto."
Colocada para escanteio no Congresso neste ano, a reforma política, uma das quatro grandes mudanças prometidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem como dois pilares as propostas de financiamento público e exclusivo de campanha e a lista pré-ordenada de candidatos -em que o eleitor vota no partido, que terá lista de pessoas que assumirão as vagas de parlamentares.
Pelo projeto da reforma, o dinheiro do Orçamento da União é repassado ao Banco do Brasil, que repassa ao Tribunal Regional Eleitoral, que distribuiria para cada um dos partidos.
O projeto foi concluído em dezembro e estipula, além das novas regras para financiamento de campanha e as listas pré-ordenadas, o fim das coligações partidárias em eleições proporcionais (deputados e vereadores), criando federações partidárias, com prazo mínimo de três anos de filiação por parte das legendas.
No caso do financiamento, o candidato majoritário pode ter seu registro cassado caso receba dinheiro de pessoas físicas, jurídicas ou de partidos.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Serra adota o slogan "o prefeito da gente"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.