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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Paulo Maluf afirma que "a pessoa vai pegar o financiamento público e o privado depois"; Serra também defende voto distrital
PT e PSDB defendem financiamento público
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia depois de a Folha revelar que os governos municipal e
estadual têm contratos milionários com seus doadores de dinheiro na campanha, os candidatos
José Serra (PSDB) e Marta Suplicy
(PT) se mostraram favoráveis ao
financiamento público.
Já o candidato do PP, Paulo Maluf, afirmou que não concorda
com a proposta, porque "a pessoa
vai pegar o financiamento público e o privado depois". "Você vai
pegar o dinheiro do governo e o
dos empresários, vai ficar com o
dobro do financiamento."
O candidato tucano defendeu a
implementação do voto distrital
nas cidades como forma de "moralização do processo eleitoral".
"O financiamento público de
campanha por si só não basta, se
não mudarmos o sistema eleitoral. É preciso que se tenha um sistema eleitoral que diminua os
custos. E o voto distrital é a chave
desse processo", afirmou Serra.
Pelo voto distrital, cada região
da cidade tem direito a eleger um
vereador. "Porque aí, um vereador em São Paulo vai procurar votos junto a 100 mil, 200 mil eleitores, e não junto a mais de 7 milhões, o que encarece muito a
campanha", afirmou o tucano.
Questionada sobre o assunto, a
prefeita Marta Suplicy, afirmou
que "acharia bem interessante
que isso [o financiamento público] ocorresse no Brasil".
Na edição de ontem, a Folha revelou que 29 empresas que contribuíram para a eleição de Marta receberam R$ 1,4 bilhão em contratos com a prefeitura. No caso do
governo de Geraldo Alckmin
(PSDB), do partido de Serra, 38
das 131 empresas que deram dinheiro para sua campanha em
2002 têm contratos com o Estado.
No total, receberam R$ 564,8 milhões desde que o tucano sucedeu
Mário Covas, morto em 2001.
Procurados pela Folha, nem a
prefeitura nem o governo quiseram comentar essa relação.
Outro assunto relativo a doações de campanha também foi comentado pelos candidatos do
PSDB e do PT. No domingo, a Folha revelou que existem muitas
doações feitas diretamente aos diretórios dos partidos, e não aos
candidatos, que dificulta o rastreamento das relações.
Para Marta, "no Brasil isso tudo
ainda é mal-resolvido". "Acho
que o importante é ter o maior jeito possível de transparência."
Serra defendeu a legalidade das
doações feitas diretamente aos diretórios dos partidos. "O que a lei
permite é correto."
Colocada para escanteio no
Congresso neste ano, a reforma
política, uma das quatro grandes
mudanças prometidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
tem como dois pilares as propostas de financiamento público e exclusivo de campanha e a lista pré-ordenada de candidatos -em
que o eleitor vota no partido, que
terá lista de pessoas que assumirão as vagas de parlamentares.
Pelo projeto da reforma, o dinheiro do Orçamento da União é
repassado ao Banco do Brasil, que
repassa ao Tribunal Regional
Eleitoral, que distribuiria para cada um dos partidos.
O projeto foi concluído em dezembro e estipula, além das novas
regras para financiamento de
campanha e as listas pré-ordenadas, o fim das coligações partidárias em eleições proporcionais
(deputados e vereadores), criando federações partidárias, com
prazo mínimo de três anos de filiação por parte das legendas.
No caso do financiamento, o
candidato majoritário pode ter
seu registro cassado caso receba
dinheiro de pessoas físicas, jurídicas ou de partidos.
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