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CAMPO MINADO
Movimento invadiu outras três propriedades no Estado no fim de semana; sem-terra foi assassinado no sábado
MST faz mais invasões no PR após morte
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A morte do sem-terra Elias
Gonçalves de Meura, 20, no último sábado, em frente à fazenda
Santa Filomena, em Planaltina do
Paraná (560 km de Curitiba), não
impediu o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra)
de promover novas invasões no
final de semana no Estado.
No domingo, cerca de 3.200
pessoas, segundo a Polícia Militar,
instalaram-se em três imóveis do
centro, do oeste e do sudoeste do
Estado. As fazendas invadidas são
consideradas produtivas.
A coordenação estadual do movimento, o governo do Estado e o
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) não
confirmam a existência de uma
onda de invasões no Estado, mas
o secretário da Segurança Pública,
Luiz Fernando Delazari, disse ontem ver intenção política na movimentação do MST. "Essa quantidade tão grande de invasões tem
relação com o período eleitoral."
A maioria das invasões ocorreu
em Virmond. Segundo a PM,
1.200 pessoas tomaram a fazenda
Campo Real e renderam cinco
empregados. O MST reclama a
desapropriação de 6.121 ha do
imóvel, que diz ser improdutivo.
O Incra disse que dois laudos de
vistorias -1995 e 1997- registram que a fazenda é produtiva.
A segunda invasão do domingo
ocorreu em Ramilândia. A PM diz
que 800 militantes do MST entraram na fazenda Boico. O movimento afirma que o proprietário
ofereceu a área ao governo federal. O Incra nega.
Em Cascavel, 1.200 sem-terra
invadiram dois lotes do complexo
Cajatí, onde o MST reivindica a
desapropriação de 6.000 ha da fazenda São Domingos.
A PM registrou ainda o deslocamento de 70 pessoas para a fazenda Pau D'Alho, em Ribeirão do
Pinhal. O grupo foi despejado no
sábado da fazenda Itambé.
O governador Roberto Requião
disse não considerar que as invasões tenham motivação estadual.
"Elas estão ocorrendo em todo o
país", afirmou. Também negou
que tenha rompido o diálogo com
o MST. "Governo algum pode
romper diálogo com movimento
social." Requião disse ainda que a
polícia "vai identificar os assassinos" do sem-terra.
O secretário da Segurança disse
que a PM vai cumprir as decisões
judiciais favoráveis à reintegração
de posse, mas que as estratégias
de despejo serão discutidas a fundo. Ele deslocou o Comando do
Policiamento do Interior da PM
para o noroeste para manter a situação da região sob controle.
O superintendente do Incra no
Paraná, Celso Lisboa de Lacerda,
disse que o órgão vai negociar
com os sem-terra a saída pacífica.
Ele fez um relato da situação a Miguel Rossetto (Desenvolvimento
Agrário), por telefone, ontem.
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