São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2004

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CAMPO MINADO

Movimento invadiu outras três propriedades no Estado no fim de semana; sem-terra foi assassinado no sábado

MST faz mais invasões no PR após morte

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A morte do sem-terra Elias Gonçalves de Meura, 20, no último sábado, em frente à fazenda Santa Filomena, em Planaltina do Paraná (560 km de Curitiba), não impediu o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de promover novas invasões no final de semana no Estado.
No domingo, cerca de 3.200 pessoas, segundo a Polícia Militar, instalaram-se em três imóveis do centro, do oeste e do sudoeste do Estado. As fazendas invadidas são consideradas produtivas.
A coordenação estadual do movimento, o governo do Estado e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) não confirmam a existência de uma onda de invasões no Estado, mas o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, disse ontem ver intenção política na movimentação do MST. "Essa quantidade tão grande de invasões tem relação com o período eleitoral."
A maioria das invasões ocorreu em Virmond. Segundo a PM, 1.200 pessoas tomaram a fazenda Campo Real e renderam cinco empregados. O MST reclama a desapropriação de 6.121 ha do imóvel, que diz ser improdutivo. O Incra disse que dois laudos de vistorias -1995 e 1997- registram que a fazenda é produtiva.
A segunda invasão do domingo ocorreu em Ramilândia. A PM diz que 800 militantes do MST entraram na fazenda Boico. O movimento afirma que o proprietário ofereceu a área ao governo federal. O Incra nega.
Em Cascavel, 1.200 sem-terra invadiram dois lotes do complexo Cajatí, onde o MST reivindica a desapropriação de 6.000 ha da fazenda São Domingos.
A PM registrou ainda o deslocamento de 70 pessoas para a fazenda Pau D'Alho, em Ribeirão do Pinhal. O grupo foi despejado no sábado da fazenda Itambé.
O governador Roberto Requião disse não considerar que as invasões tenham motivação estadual. "Elas estão ocorrendo em todo o país", afirmou. Também negou que tenha rompido o diálogo com o MST. "Governo algum pode romper diálogo com movimento social." Requião disse ainda que a polícia "vai identificar os assassinos" do sem-terra.
O secretário da Segurança disse que a PM vai cumprir as decisões judiciais favoráveis à reintegração de posse, mas que as estratégias de despejo serão discutidas a fundo. Ele deslocou o Comando do Policiamento do Interior da PM para o noroeste para manter a situação da região sob controle.
O superintendente do Incra no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, disse que o órgão vai negociar com os sem-terra a saída pacífica. Ele fez um relato da situação a Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), por telefone, ontem.


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