GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os sinais de retomada da economia brasileira reduziram os estragos que as denúncias contra o presidente do BC, Henrique Meirelles, poderiam ter feito no mercado financeiro. Além disso, ajudaram a manter as chances de permanência dele no cargo. Essa é a avaliação feita por analistas e economistas ouvidos pela Folha.
Na opinião de Luís Eduardo Assis, executivo-chefe do HSBC Investment Bank, as denúncias de supostas sonegação e evasão de divisas publicadas contra Meirelles não contêm exatamente um fato novo. Para ele, é difícil, hoje, imaginar que haja mudança na composição do Banco Central.
"Os fundamentos da economia estão muito fortes e não se imagina que o governo seja influenciável para fazer mudanças", diz. A expectativa do mercado, a seu ver, é de que nada mude, tanto que não houve repercussão.
Ontem, após certa pressão no início dos negócios, as projeções dos juros futuros fecharam praticamente estáveis na BM&F. A Bovespa subiu 0,50%, e o dólar registrou alta de 0,33%, para R$ 3,048.
O economista Sérgio Werlang, ex-diretor do Banco Central e atualmente diretor do Itaú, acha que as denúncias foram muito técnicas para terem influência no comportamento do mercado. Ele também acha que a economia está num bom ritmo, o que impede que denúncias como essas tenham repercussão maior.
Na abertura do mercado financeiro, as taxas de juros futuros chegaram a subir, mas principalmente devido aos alertas de novos atentados terroristas nos EUA.
"As denúncias feitas contra o Meirelles teriam outro peso se tivessem ocorrido há um ano. Daí, sem a força que Meirelles tem hoje, o mercado poderia ter estressado, acreditando na de queda dele", diz Paulo Pereira, estrategista da Sul América Investimentos.
Na semana passada, a divulgação da ata da última reunião do Copom trouxe muito mais nervosismo ao mercado. Na quinta e sexta, os juros futuros subiram, com a expectativa de que a taxa básica não cai mais neste ano.


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