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Presidente do TSE diz que Lula abusa de poder
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Marco Aurélio de Mello,
disse ontem que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva tem
praticado abusos de poder como candidato ao próprio cargo
e defendeu a aprovação da proposta de emenda constitucional que acaba com a reeleição a
partir de 2010.
"Aquele que ocupa a cadeira
[de governante], e caminha no
sentido da reeleição sem deixá-la, acaba por confundir os papéis. O próprio presidente Luiz
Inácio Lula da Silva diz que não
sabe quando é candidato e
quando é presidente. Aí surgem
os incidentes." Marco Aurélio
afirmou acreditar que a população aprovaria o fim da reeleição se houvesse um plebiscito.
Segundo o ministro, a reeleição impede a igualdade de condições entre os candidatos a um
cargo. "Ela traz algo que conflita com o âmago do certame,
que é o equilíbrio na disputa."
Ele disse ainda que ela não
faz parte da tradição brasileira.
"A reeleição não faz parte do
nosso histórico. A prática tem
demonstrado que ela não é salutar." Indagado se considera
que Lula está praticando abusos de poder econômico e político na campanha, Marco Aurélio confirmou. "Tanto está que
o TSE tem caminhado para a
glosa [censura, crítica]."
Ele citou, como exemplo de
"glosa", um julgamento realizado anteontem, em que o plenário do TSE negou recurso da
CUT (Central Única dos Trabalhadores) e manteve decisão do
próprio tribunal, de maio, que
condenara a central a pagar
multa de R$ 21,282 mil por propaganda eleitoral antecipada
em favor de Lula.
O ministro também comentou o fato de o tribunal ter negado inúmeros pedidos do governo de autorização para veicular campanhas institucionais
na televisão, por considerar
que elas favoreceriam a candidatura de Lula.
Marco Aurélio disse que, ao
contrário do Brasil, nos Estados Unidos a reeleição está incorporada à cultura política.
"Lá há tradição de reeleição, e
se houver desvio de conduta de
um candidato as conseqüências
serão drásticas." Para ele, o "defeito" da reeleição pode ser a
possibilidade de o governante
permanecer no cargo. "A legislação viabiliza a candidatura
permanecendo na cadeira. Talvez o defeito esteja aí."
O ministro afirmou que a
reeleição precisa ser preservada para os governantes que estiverem no poder no momento
em que a emenda for promulgada. Por exemplo, ela deve ser
extinta a partir de 2010 se a
norma começar a vigorar antes
de janeiro de 2007, quando os
eleitos em outubro próximo tomarão posse.
(SILVANA DE FREITAS)
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