São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Vim para confundir

A tropa de Renan Calheiros (PMDB-AL) voltou do recesso com disposição renovada para tumultuar o processo contra o presidente do Senado no Conselho de Ética. Na primeira reunião dos relatores do caso, Almeida Lima (PMDB-SE) bateu boca com Marisa Serrano (PSDB-MS) ao sugerir que os novos e problemáticos documentos relativos ao frigorífico Mafrial, enviados pelos advogados do próprio Renan, deveriam ser deixados de lado. "Não admito!", rebateu ela. Almeida Lima, que se apresenta como jurista, arriscou-se na matemática. Disse que "se 60%" das operações de venda de gado informadas por Renan estiverem corretas, isso já perfaz R$ 1,2 milhão" -suficiente para pagar pensão da jornalista Mônica Veloso.



Hum, hum. Depois de dizer que não aceitaria se afastar "um milímetro" dos autos, Almeida Lima sentenciou, diante de 3 senadores e 11 assessores: "Se houver uma única prova material contra Renan, voto por sua cassação".

Escolta. A famosa sabatina do Senado em que foram aprovados os nomes de Milton Zuanazzi e Denise Abreu para a diretoria da Anac foi monitorada in loco pelo então ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, e pela número dois de Dilma Rousseff na Casa Civil, Erenice Guerra. Segundo parlamentares, nunca antes neste país houve pressão tão explícita.

Entende? O brigadeiro J. Carlos pode perder a Infraero, mas não lhe faltará material para um livro de frases. Ontem declarou: "Dizer que uma pista molhada é escorregadia é chover no molhado".

Nem pensar. O Aerolula, um Airbus-A319, jamais voou com um reverso "pinado", como fazem empresas aéreas -foi o caso do avião da TAM acidentado em Congonhas. Pelas normas de segurança da Presidência, o procedimento é estritamente proibido.

Carona. Na escala que fará na Nicarágua em seu giro pela América Central, na próxima semana, Lula será conduzido pelo presidente Daniel Ortega, que dirigirá o próprio carro ao buscar o colega no aeroporto. A quebra de protocolo faz parte de política de demonstração de austeridade.

Coceira. Ao ouvir Lula dizer, na reunião do conselho político, que investirá em oito anos "mais em ferrovias do que qualquer outro governo", Walfrido dos Mares Guia tomou a palavra para "explicar" que o período incluía o primeiro mandato, e pediu a confirmação do presidente: "Não está falando em mais quatro anos, né?". A resposta veio baixinho: "Se o povo quiser..."

Espelho meu. Na reunião de ontem, Lula comparou o recém-lançado movimento "Cansei" ao grupo de empresários venezuelanos que deu suporte ao golpe que depôs o presidente Hugo Chávez por 48 horas cinco anos atrás.

Em disputa. O PC do B pressiona pela indicação do ex-ministro Agnelo Queiroz (DF) para uma diretoria da Anvisa. O problema é que o PMDB, que acaba de ser agraciado com a presidência de Furnas, quer a mesma vaga.

Veja bem. O secretário paulista da Cultura, João Sayad, que anteontem comparou a relação entre sua pasta e as Organizações Sociais com a situação do Ministério da Fazenda diante do Banco Central ("paga todas as contas e não manda nada"), explica que considera "excelente" o modelo das OSs. Sayad defende apenas que elas se profissionalizem e que seja corrigido "o desequilíbrio jurídico a favor do governo".

Reciclagem. De acordo com os colegas de CNJ, Alexandre Moraes, que está prestes a deixar o conselho, será aproveitado na equipe do prefeito Gilberto Kassab (DEM) em São Paulo. Uma das opções é nomeá-lo para cargo na área de transportes da administração municipal.

Tiroteio

"Quando Lula finalmente arruma a Defesa, o PT parte para o ataque antes mesmo de o novo time entrar em campo. Assim não dá!"


Do deputado petista WALTER PINHEIRO (BA), opondo-se às críticas de seu partido à substituição do correligionário Waldir Pires por Nelson Jobim (PMDB) no Ministério da Defesa.

Contraponto

Liberou geral

Corria ontem a sessão da CPI do Apagão Aéreo quando o deputado Vic Pires (DEM-PA) pediu ao depoente Marco Antônio Bologna que lesse a resolução da Anac a respeito de condições para pousos e decolagens. O presidente da TAM leu então o item 5, segundo o qual o avião, em caso de pista molhada, deve estar com tudo funcionando, "notadamente o reverso, o antiskid, o autobreak etc".
-Está escrito "etc." na resolução?-, indagou Pires.
Diante da confirmação de Bologna, um dos parlamentares que acompanhavam o depoimento arrematou:
-Então está mais do que provado que o nome dessa agência não deveria ser Anac, e sim Anarc!


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