São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Frigorífico usado por Renan é assaltado

Segundo funcionários do Mafrial, que foram feitos reféns, integrantes da quadrilha perguntaram por documentos do senador

Zoraide Beltrão, dona da empresa, não revelou à polícia quais documentos foram roubados; delegado vê indício de crime comum

"Gazeta de Alagoas"
Fachada do frigorífico, em Satuba, região metropolitana de Maceió (AL), assaltado ontem por cerca de seis homens armados


SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

O frigorífico Mafrial, citado pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) como intermediário da venda de gado de suas fazendas, foi assaltado na noite de anteontem por uma quadrilha de seis homens armados. Funcionários do frigorífico, que fica em Satuba (região metropolitana de Maceió), disseram à polícia que um dos bandidos perguntou a outro sobre "os documentos do Renan" durante o assalto.
"O funcionário foi bem claro. Eles [os assaltantes] perguntaram entre eles: "E os documentos do Renan?'", contou o delegado Haroldo Gonçales, que investiga o crime.
A dona do frigorífico, Zoraide Beltrão, disse à polícia ontem que os assaltantes levaram documentos, R$ 17 mil em dinheiro e R$ 200 mil em cheques, que estavam em quatro cofres. Ela não detalhou à polícia quais documentos foram roubados. Procurada pela Folha, ela não ligou de volta.
O Mafrial está no centro da investigação que apura a origem dos rendimentos de Renan, suspeito de ter contas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior.
Ontem, a Folha noticiou que o frigorífico não tem autorização para comercializar carne, o que contraria a última versão dada pelo senador. Renan responsabilizou o Mafrial pelo uso de "laranjas" na compra de gado depois que reportagens mostraram que os açougues e estabelecimentos indicados em recibos apresentados por ele não existiam ou funcionavam em situação precária.
O assalto ocorreu dois dias depois de o frigorífico ter sido fiscalizado pela Secretaria da Fazenda do Estado, e poucas horas antes do fim do prazo para que entregasse um demonstrativo de abate de gado. Até as 19h de ontem, a secretaria não havia divulgado se o frigorífico apresentou os documentos.

"Mixaria"
Sete funcionários que estavam trabalhando na hora do assalto foram feitos reféns. Em depoimento, eles disseram à polícia que os assaltantes comentaram ter encontrado "mixaria" nos cofres -cerca de R$ 400-, e só então perguntaram pelos documentos de Renan. Para Gonçales, apesar da menção a documentos do senador, há indícios de que o assalto tivesse como objetivo o roubo de dinheiro, mas os bandidos podem ter levado documentos para eventuais extorsões.
O delegado vê indícios de crime comum. Segundo ele, o frigorífico já havia sido assaltado em novembro de 2006 e o modus operandi da quadrilha era o mesmo: parte os assaltantes rendeu os vigias e a outra parte pulou o muro. Até o início da noite de ontem, a quadrilha não havia sido localizada.


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