São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Investigações nos Correios levam 5 à prisão

Entre presos está empresário que mandou filmar servidor recebendo suposta propina em 2005, caso que levou à revelação do mensalão

Operação Selo da PF, que começou em 2005, aponta Arthur Wascheck como suspeito de fraudes em licitações na ECT; ele nega

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em operação conjunta com o Ministério Público, a Polícia Federal prendeu três empresários e dois servidores dos Correios suspeitos de, em conjunto, fraudar licitações contra os interesses da estatal.
Entre os presos está o empresário Arthur Wascheck Neto, que em maio de 2005 tornou-se conhecido porque contratou dois emissários que filmaram o então servidor dos Correios Maurício Marinho quando este recebia R$ 3.000 de suposta propina. As imagens foram o estopim de um escândalo que revelou, além de irregularidades na estatal, o pagamento do mensalão a políticos da base.
A Operação Selo decorre das investigações iniciadas em 2005 e, além das prisões, cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e em Pernambuco, Rio e São Paulo. Participaram sete auditores da CGU, que atuarão na análise do material apreendido.
Segundo os investigadores, Wascheck é o fio condutor de parte das irregularidades nas licitações investigadas. Atuava ora como representante, ora como sócio de empresas sob suspeita de fraudar licitações.
Wascheck vendia de tudo para os Correios, de uniformes a móveis, segundo o inquérito. Seu advogado disse que ele nega as acusações. "Ele sempre participou de licitações dentro dos limites da legislação."
Por meio de sua assessoria de imprensa, a estatal informou que não se manifestaria, pois ainda não teria conhecimento dos dados da investigação.
"Já identificamos mais de duas dezenas de empresas envolvidas e mais de uma quadrilha em atuação na ECT [Correios]", afirmou o procurador Bruno Acioli, que estima um prejuízo para os cofres públicos na casa dos "milhões de reais".
Para Acioli, ainda não há como definir o saldo das fraudes. Mas há licitações, diz ele, que envolvem "bilhões de reais".
"Após o afastamento [de envolvidos em fraudes, em 2005], uma outra organização criminosa tomou seu lugar", disse o delegado da PF Daniel França.
Uma das 20 empresas suspeitas seria a Polycart. Sua sede, em Petrópolis, foi alvo de busca e apreensão de documentos. Nenhum diretor foi localizado para comentar o caso.
Também foram presos os empresários Marco Antonio Bulhões e Antonio Felix Teixeira, além dos servidores dos Correios Sérgio Dias e Carlos Garritano. A Folha não conseguiu localizar seus advogados.


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