São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Marta apresenta programa detalhado, mas excede orçamento sem citar fonte de verba

DA REPORTAGEM LOCAL

As propostas para três áreas centrais da administração -saúde, educação e trânsito- apresentadas até agora pela candidata Marta Suplicy (PT) têm alto nível de detalhamento, mas não cabem nos atuais orçamentos desses setores.
Na área da saúde, o eixo do programa é a construção de 31 a 35 "policlínicas", que seu adversário Geraldo Alckmin (PSDB) chama de "centros de especialidades". São estruturas que pretendem dar conta do alto déficit no atendimento de pessoas que precisam de oftalmologistas, pediatras, urologistas, neurologistas, entre outros.
Na campanha de 2004, quando tentava a reeleição, Marta batizou tal projeto de CEU Saúde. O custo para entregar essas clínicas em pleno funcionamento, no prazo de dois anos, é estimado em R$ 420 milhões.
A ex-prefeita também promete construir, até o fim de 2011, hospitais em Brasilândia e Jaçanã, na zona norte, e em Parelheiros, na zona sul. Eles têm custo estimado de R$ 120 milhões, R$ 100 milhões e R$ 65 milhões, respectivamente.
Levado em conta o cronograma, só no primeiro ano de uma eventual nova gestão de Marta, a prefeitura teria de desembolsar cerca de R$ 305 milhões, valor superior aos R$ 186 milhões que o orçamento municipal reservou no início deste ano para investimento na saúde.
Na área da educação, a promessa de construir 20 novos CEUs (Centros Educacionais Unificados), a um preço unitário de R$ 25 milhões, cabe dentro das previsões de investimento do atual orçamento.
Mas, na área de trânsito e transporte, também existe descompasso. Se levar a cabo sua proposta de destinar R$ 490 milhões anuais dos cofres municipais às obras do metrô, sob responsabilidade estadual, e de construir 218 km de corredores de ônibus até 2012, com investimentos de R$ 670 milhões ao ano, vai faltar dinheiro.
À Secretaria Municipal de Transportes foram destinados este ano cerca de R$ 421 milhões para novos projetos, só 36% do que Marta pretende gastar em 2009 caso se eleja.
Tanto na área de transportes como na da saúde, nem mesmo os aumentos de arrecadação projetados para o orçamento do ano que vem dariam conta das promessas, se mantidas as mesmas proporções entre as verbas de investimento e custeio das pastas desses setores.
Marta vem realizando seminários temáticos com especialistas. O PT diz que vem preparando o programa mesmo antes de ela deixar o Turismo.
A coordenação de campanha da ex-prefeita afirma que a eventual escassez de recursos poderá ser compensada com apoios do governo federal, como ocorreu na construção dos corredores no final de sua última gestão. Segundo petistas, há disposição do governo em participar dos investimentos nos corredores por causa do plano de mobilidade urbana projetado para a Copa de 2014.
"Tradicionalmente, o prefeito, ou a prefeita, tem margem de remanejamento do orçamento", informou a coordenação de campanha de Marta, referindo-se à peça do ano que vem, a cargo da atual gestão.
A partir de 2010, o orçamento será elaborado pelo próximo prefeito, o que permitiria a Marta turbinar as áreas de saúde e transportes. A campanha, no entanto, não diz qual setor perderá dinheiro para que a operação se concretize. (CC)


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