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JANIO DE FREITAS
Lulinha, paz e armar
O não-crescimento do PIB é a continuidade do crime que a política econômica vem há mais de dez anos cometendo
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A LIBERDADE que os políticos
brasileiros têm para fazer
afirmações falsas, sobretudo,
quando se trata de negar erros e acusações, é tão pouco levada a sério
quanto é influente na desmoralização da política. São mínimas as correções feitas pelos meios de comunicação. E, quando feitas, jamais
têm dimensão proporcional tanto à
inverdade propalada, quanto ao
alerta devido ao leitor/espectador/
ouvinte.
Apesar de só agora entrar na fase
mais acirrada, a campanha eleitoral
já é tão farta em tapeações lançadas
sobre o eleitorado, que torna lógico e
natural o recente lançamento de
Collor a senador por Alagoas. Alvo
mais exposto na disputa pela Presidência, Lula se põe como usuário incomparável da liberdade nefasta.
Não é prática recém-adquirida, percorreu todo o mandato. Em meus
anos de testemunha, não sei de
quem pudesse ser-lhe comparado,
além do já lembrado Collor e dos generais "democratas" da ditadura.
Um exemplo, como ilustração,
ainda fresquinho: Lula explica o criminoso crescimento econômico de
apenas 0,5%, no segundo trimestre
do ano, à "torcida contra" de "gente
que teima" em fazê-la e, como complemento técnico, à redução do tempo trabalhado durante a Copa do
Mundo.
Os fluidos emitidos pela tal torcida pertencem a categorias mágicas,
poções de druidas e outras maravilhas que não cabem aqui. Mas o subterfúgio da Copa do Mundo, também figurante como parte nas explicações de alguns economistas oficiosos, não resiste a uma confrontação nem com este mesmo ano.
O primeiro trimestre, agraciado
pelo verão, é período de férias. Ainda
por cima, é uma espécie de ressaca
dos meses natalinos e seus antecessores preparatórios, fase de atividade econômica mais intensa dos
anos. E ainda por cima, se considerados os dias, o primeiro trimestre
teve um mês de 28 dias, o feriado de
1º de janeiro e o Carnaval. No segundo semestre, a Copa do Mundo provocou apenas a dispensa parcial do
expediente em cinco dias, e muitas
empresas, dotando-se de TV, só deram a folga durante o jogo. Mas o
crescimento no frágil primeiro semestre foi de 1,3%, quase três vezes
os 0,5% do segundo.
Esse não-crescimento equivale,
sim, à continuidade do crime que a
política econômica vem há mais de
dez anos cometendo contra o presente e contra as gerações futuras. O
"programa" do PT revela preocupações de Lula e de seu possível segundo governo com o rearmamento do
Brasil, propondo a reativação da indústria bélica para prevenir riscos
insondáveis do futuro. Mas as gerações sucessivas que chegam à idade
do trabalho, e portanto dependem
do crescimento econômico, não inspiram preocupação. Basta dizer, a
respeito, que a culpa é da Copa do
Mundo. E silenciar que o "crescimento" do Brasil é o pior dentre todos os países emergentes. E o que
ostenta os juros mais antieconômicos e anti-sociais do mundo, com
seus 9,4% já descontada a inflação,
tão perto do dobro do segundo colocado, a Turquia dos 5,1%.
Se eleito, Lula deveria erguer um
monumento de gratidão a seu principal adversário, outro à oposição e
um terceiro aos meios de comunicação, por deixá-lo em tamanha paz.
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