|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lacerda foi afastado por "transparência" na apuração, diz Lula
ROBERTO MACHADO
SERGIO TORRES
ENVIADOS ESPECIAIS A VITÓRIA
Irônico com os jornalistas
que tentavam entrevistá-lo, a
quem pediu, mais de uma vez,
informações sobre o grampo
telefônico do qual foi vítima o
presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Gilmar
Mendes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem que, por uma questão de
"transparência", decidiu pelo
afastamento do diretor da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda.
"É para poder mostrar que há
transparência na investigação",
justificou Lula após participar
em Vitória, com o governador
do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), e com os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social) e
Edison Lobão (Minas e Energia), da solenidade que marcou
o início da exploração de petróleo na região do pré-sal na costa
capixaba.
Lula deixaria a solenidade
sem dar entrevistas, mas, por
insistência dos jornalistas,
aproximou-se, acompanhado
de Hartung, da grade em que
eles estavam confinados.
Ao ouvir a primeira pergunta
sobre o grampo, o presidente
respondeu de imediato -"Isso
está resolvido, isso está resolvido"-, dando a impressão de
que a conversa não teria prosseguimento.
Mas em seguida, dirigindo-se
à autora da pergunta, Lula
acrescentou: "Mas se você souber quem foi, me diga que fica
mais rápido. Eu tenho que investigar".
Após falar a respeito da suposta necessidade de dar transparência às investigações sobre
os responsáveis pela escuta
clandestina em telefone usado
pelo presidente do STF, o presidente voltou a insistir com os
jornalistas. "Se algum de vocês
souber, porque a fonte conversou com o jornalista, não foi comigo, e quiser me facilitar a investigação, a gente pode resolver logo o problema", disse ele.
Lula arrematou a rápida entrevista com uma espécie de lamento pelo fato de que nenhum dos cerca de 50 jornalistas ali presentes tenha podido
ajudá-lo a esclarecer a autoria
do grampo. "Se não tiver [a ajuda dos profissionais de imprensa], vamos ter que investigar [o
caso] com muita profundidade", disse, antes de se afastar.
Por causa da crise motivada
pela descoberta do grampo, Lula cancelou a agenda da tarde
em Vitória. Ele participaria de
um almoço com autoridades.
Texto Anterior: Memória: Presidentes já foram alvo de grampos Próximo Texto: Eleições: Oposição quer auditoria da OAB para checar segurança de voto Índice
|