São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2008

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Lacerda foi afastado por "transparência" na apuração, diz Lula

ROBERTO MACHADO
SERGIO TORRES
ENVIADOS ESPECIAIS A VITÓRIA

Irônico com os jornalistas que tentavam entrevistá-lo, a quem pediu, mais de uma vez, informações sobre o grampo telefônico do qual foi vítima o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem que, por uma questão de "transparência", decidiu pelo afastamento do diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda.
"É para poder mostrar que há transparência na investigação", justificou Lula após participar em Vitória, com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), e com os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social) e Edison Lobão (Minas e Energia), da solenidade que marcou o início da exploração de petróleo na região do pré-sal na costa capixaba.
Lula deixaria a solenidade sem dar entrevistas, mas, por insistência dos jornalistas, aproximou-se, acompanhado de Hartung, da grade em que eles estavam confinados.
Ao ouvir a primeira pergunta sobre o grampo, o presidente respondeu de imediato -"Isso está resolvido, isso está resolvido"-, dando a impressão de que a conversa não teria prosseguimento.
Mas em seguida, dirigindo-se à autora da pergunta, Lula acrescentou: "Mas se você souber quem foi, me diga que fica mais rápido. Eu tenho que investigar".
Após falar a respeito da suposta necessidade de dar transparência às investigações sobre os responsáveis pela escuta clandestina em telefone usado pelo presidente do STF, o presidente voltou a insistir com os jornalistas. "Se algum de vocês souber, porque a fonte conversou com o jornalista, não foi comigo, e quiser me facilitar a investigação, a gente pode resolver logo o problema", disse ele.
Lula arrematou a rápida entrevista com uma espécie de lamento pelo fato de que nenhum dos cerca de 50 jornalistas ali presentes tenha podido ajudá-lo a esclarecer a autoria do grampo. "Se não tiver [a ajuda dos profissionais de imprensa], vamos ter que investigar [o caso] com muita profundidade", disse, antes de se afastar.
Por causa da crise motivada pela descoberta do grampo, Lula cancelou a agenda da tarde em Vitória. Ele participaria de um almoço com autoridades.


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