|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presidente diz que pode
permitir abate de avião
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TABATINGA
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, em Tabatinga (AM), na fronteira com a
Colômbia, que, se for necessário,
dará ordem às Forças Armadas
para abater aviões que ameacem
com atos ilícitos -como terrorismo e contrabando- o país.
FHC disse, no entanto, que a
chamada Lei do Abate precisa ser
regulamentada, sem dizer que esse ato deve partir dele. A Lei do
Abate foi sancionada pelo Congresso em 1998 e pelo presidente
no mesmo ano, mas ainda depende de regulamentação.
"Temos que ter instrumentos
para fazer com que os aviões de
contrabando desçam. Precisamos
fazer um esforço grande para
controlar o terrorismo, que é um
inimigo suez [FHC se referia aos
combatentes egípcios que lutaram contra os israelenses na região de Suez, em 1973, e atacavam
seus oponentes por meio de túneis subterrâneos abandonados,
de surpresa": ninguém sabe de
onde vem. Tomara que não tenhamos que abater aviões, mas, se
for necessário, vai-se abater", disse o presidente, que esteve em Tabatinga por cerca de uma hora,
numa escala técnica do avião que
o trouxe de volta ao Brasil da viagem ao Equador.
FHC disse que a vigilância do
território nacional deve ser constante. Mas descartou um reforço
na fronteira da Colômbia em razão dos conflitos entre a guerrilha
e o militares do país vizinho. "Não
há preocupação especial. Já temos
a vigilância, que é constante. A vigilância não é uma questão militar, é uma questão brasileira.
Quanto mais houver a união entre
as Forças Armadas, o povo e os
indígenas brasileiros, melhor para o Brasil", afirmou.
Durante a escala em Tabatinga,
FHC visitou o Hospital de Guarnição do Exército, responsável
pelo atendimento às populações
brasileiras e colombianas na fronteira. O diretor do hospital, tenente-coronel Orlando Ferreira da
Costa Filho, pediu ao presidente
que aumentasse o teto do SUS
(Sistema Único de Saúde) da unidade, que é de R$ 55 mil.
O hospital, que tem um déficit
orçamentário de R$ 106 mil, atende mensalmente 8.400 pessoas,
sendo 12% indígenas e 2% estrangeiros. "Estou entusiasmado em
ver que na fronteira do Brasil com
a Colômbia, no meio da Amazônia, temos um serviço hospitalar
competente e dedicado", disse.
Na saída do hospital, FHC atendeu o chamado de um grupo de
cerca de 50 pessoas que lhe acenavam. Foi abraçado, causando alvoroço na segurança. E, para surpresa da comitiva presidencial,
improvisou uma carreata e, dentro de uma van, percorreu os
1.000 km da avenida que liga Tabatinga à cidade colombiana de
Letícia. No percurso, acenou para
a população. Alguns mandavam
beijos. Outros tiravam fotos.
Texto Anterior: Sucessão no escuro: FHC tenta barrar aumento da sigla de Ciro Próximo Texto: Brizola ameaça lançar candidato Índice
|