São Paulo, quarta-feira, 03 de outubro de 2001

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Presidente diz que pode permitir abate de avião

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TABATINGA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, em Tabatinga (AM), na fronteira com a Colômbia, que, se for necessário, dará ordem às Forças Armadas para abater aviões que ameacem com atos ilícitos -como terrorismo e contrabando- o país.
FHC disse, no entanto, que a chamada Lei do Abate precisa ser regulamentada, sem dizer que esse ato deve partir dele. A Lei do Abate foi sancionada pelo Congresso em 1998 e pelo presidente no mesmo ano, mas ainda depende de regulamentação.
"Temos que ter instrumentos para fazer com que os aviões de contrabando desçam. Precisamos fazer um esforço grande para controlar o terrorismo, que é um inimigo suez [FHC se referia aos combatentes egípcios que lutaram contra os israelenses na região de Suez, em 1973, e atacavam seus oponentes por meio de túneis subterrâneos abandonados, de surpresa": ninguém sabe de onde vem. Tomara que não tenhamos que abater aviões, mas, se for necessário, vai-se abater", disse o presidente, que esteve em Tabatinga por cerca de uma hora, numa escala técnica do avião que o trouxe de volta ao Brasil da viagem ao Equador.
FHC disse que a vigilância do território nacional deve ser constante. Mas descartou um reforço na fronteira da Colômbia em razão dos conflitos entre a guerrilha e o militares do país vizinho. "Não há preocupação especial. Já temos a vigilância, que é constante. A vigilância não é uma questão militar, é uma questão brasileira. Quanto mais houver a união entre as Forças Armadas, o povo e os indígenas brasileiros, melhor para o Brasil", afirmou.
Durante a escala em Tabatinga, FHC visitou o Hospital de Guarnição do Exército, responsável pelo atendimento às populações brasileiras e colombianas na fronteira. O diretor do hospital, tenente-coronel Orlando Ferreira da Costa Filho, pediu ao presidente que aumentasse o teto do SUS (Sistema Único de Saúde) da unidade, que é de R$ 55 mil.
O hospital, que tem um déficit orçamentário de R$ 106 mil, atende mensalmente 8.400 pessoas, sendo 12% indígenas e 2% estrangeiros. "Estou entusiasmado em ver que na fronteira do Brasil com a Colômbia, no meio da Amazônia, temos um serviço hospitalar competente e dedicado", disse.
Na saída do hospital, FHC atendeu o chamado de um grupo de cerca de 50 pessoas que lhe acenavam. Foi abraçado, causando alvoroço na segurança. E, para surpresa da comitiva presidencial, improvisou uma carreata e, dentro de uma van, percorreu os 1.000 km da avenida que liga Tabatinga à cidade colombiana de Letícia. No percurso, acenou para a população. Alguns mandavam beijos. Outros tiravam fotos.



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