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Polícia recebe
críticas do MST
e dos ruralistas
DA AGÊNCIA FOLHA
O trabalho de investigação
da Polícia Federal no campo
tem causado críticas tanto das
entidades que representam os
sem-terra como de líderes ruralistas, principalmente pela
desconfiança de que o governo
federal tenha infiltrado agentes
nos acampamentos.
Além disso, os vôos rasantes
de helicópteros sobre fazendas
indicam que o trabalho de investigação está em curso.
"Eu não diria agentes infiltrados, mas pessoas colaboradoras, que são informantes da polícia. Claro que os agentes andam nas áreas, mas não posso
afirmar que existem agentes da
Polícia Federal infiltrados. É o
modelo clássico de polícia, da
mesma forma do lado dos fazendeiros como dos movimentos dos sem-terra", disse o
coordenador-geral de defesa
institucional da Polícia Federal,
delegado José Milton Rodrigues.
Expulsões
Segundo a coordenação nacional do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), tem sido comum que os
militantes do movimento expulsem policiais militares de
acampamentos, principalmente nos Estados de São Paulo,
Pará e Pernambuco.
"Existem fatos com a PM. De
policiais federais, não sabemos
oficialmente de nenhum caso,
mas sempre imaginamos ou
achamos que eles estão nos
monitorando. Inclusive já fizemos uma crítica pessoalmente
ao ministro da Justiça [Márcio
Thomaz Bastos]", declarou
João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST.
A Agência Folha apurou que,
na semana passada, a própria
Polícia Federal afastou um
agente da corporação do acampamento Jahir Ribeiro, situado
no município de Presidente
Epitácio (SP). Integrantes do
MST teriam desconfiado do
agente, que estaria sempre
mantendo contatos com policiais militares.
"Não há nada, mas, mesmo
que houvesse, não falaria, até
para não colocar em risco o
agente", afirmou o delegado-chefe da Polícia Federal de Presidente Prudente, Jerry Antunes de Oliveira. Ele, porém, disse que a instituição "monitora
o processo".
UDR
Para o presidente nacional da
UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan
Garcia, a Polícia Federal causou "constrangimento" aos
produtores rurais da região do
Pontal do Paranapanema (localizada no extremo oeste do
Estado de São Paulo) ao promover, dois meses atrás, vôos
rasantes de seus helicópteros
em fazendas da região.
"Acho importantíssimo o
trabalho da Polícia Federal,
desde que seja feito dentro da
lei. Se eles vierem em busca de
armas ilegais, tenho certeza de
que sairão frustrados. O produtor rural, em sua imensa maioria, é honesto e não é o responsável pela instabilidade no
campo", declarou Nabhan
Garcia.
(EDUARDO SCOLESE)
Colaborou CRISTIANO MACHADO,
free-lance para a Agência Folha, em
Presidente Prudente
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