São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2005

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Delcídio diz que não sabia de esquema pois só chegou à Executiva neste ano

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) afirmou que não teria como saber do esquema de caixa dois do PT porque só entrou para a Executiva Nacional do partido em 15 de fevereiro deste ano, quando assumiu a liderança do PT no Senado.
O presidente da CPI dos Correios acrescentou que, mesmo depois dessa data, ele não participava das reuniões da executiva.
Destacou ainda que todo o esquema montado pelo empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, inclusive os saques em dinheiro na agência do Banco Rural em Brasília, perdurou de 2003 a 2004, portanto, antes de seu ingresso na Executiva Nacional do PT.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de um membro da Executiva Nacional não saber do caixa dois, o senador afirmou: "Custo a acreditar que fosse uma coisa generalizada. Acho muito difícil, nós tivemos uma relação no Senado muito boa com os antigos líderes, que acompanharam essas ações todas do PT em 2003 e 2004. Nunca ninguém ouviu falar nada a respeito".
Leia a seguir trechos da entrevista que Delcídio concedeu ontem. (LS)

Folha - Como membro da Executiva Nacional do PT, o sr. sabia do caixa dois?
Delcídio Amaral -
Todas as operações do Marcos Valério e as de caixa dois, que são os saques, aconteceram em 2003 e 2004 [...] As duas únicas vagas que se alteram ao longo desse tempo são as vagas de líder, tanto a do PT no Senado quanto a do PT na Câmara [...]. Todo ano muda o líder. Eu assumi em 2005. Regimentalmente, ao assumir a liderança, o parlamentar passa a integrar a Executiva Nacional automaticamente.

Folha - O sr. não participava das reuniões da Executiva?
Delcídio -
Na verdade, só participei de uma reunião, que foi a que iria votar ou não a expulsão do [deputado] Virgílio Guimarães [MG], em função das eleições para a Presidência da Câmara.
Primeiro, em 2003 e 2004, não há nenhuma ligação comigo. Em 2005, se eu tive alguma ligação com a Executiva, foi em função dessa única reunião.

Folha - Seria possível um membro da Executiva Nacional não saber da existência de caixa dois?
Delcídio -
Acho que esse assunto era tão restrito... Eu custo a acreditar que fosse uma coisa generalizada. Acho muito difícil, nós tivemos uma relação no Senado muito boa com os antigos líderes, que acompanharam essas ações todas do PT em 2003 e 2004. Nunca ninguém ouviu falar nada a respeito disso. Eu desconheço qualquer pauta ou qualquer agenda que tenha sido marcada ao longo desses dois anos e meio que viesse a tratar desse assunto. Até por questões de sigilo ou estratégicas, duvido muito que socializariam uma informação como essa. Essas questões ligadas à área financeira eram muito centralizadas, com Delúbio e com pessoas que trabalhavam com ele

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