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JANIO DE FREITAS
Polícia ou política
Toda especulação sobre o resultado da nova disputa ou sobre o mandato vindouro por ora é despropositada
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TANTAS VEZES foi dito que os
escândalos do submundo petista não colavam em Lula,
apesar de circundá-lo tão de perto,
que o eleitorado decidiu dar duas
respostas de uma só vez -à conclusão infundada e ao próprio Lula, cuja presunção crescente foi forçada
pelo eleitorado a um recolhimento
urgente.
A imposição de segundo turno
não tem significações só em relação
a fatos e políticas passadas. Faz a
censura prévia, senão mesmo o veto
insolúvel, a projetos de Lula para o
novo mandato que esperava lhe chegar pela consagração da vitória já em
primeiro turno. O provável acirramento das relações entre as duas
partes, na segunda disputa, deixará
marcas que forcem a redução das
idéias para reforma política, "concertação" e novo partido, como as
estavam formulando Lula e assessores seus para o segundo mandato. A
possível vitória, na nova disputa,
não os livrará de rever as ambições
que implicavam perigoso aumento
da concentração de poder político e
administrativo na Presidência.
No caso de Lula, o resultado aritmético da votação, com sua maior
soma de votos, não corresponde ao
resultado político. Neste sentido,
Lula foi derrotado. Não por Alckmin, que se elevou ao embalo do
submundo do petismo. Mas Lula
saiu da eleição mais derrotado que
Heloísa Helena e Cristovam Buarque, escoteiros agraciados pelo respeito que ex-eleitores de Lula recusaram a ele. A perda de força política, decorrente da derrota na busca
pela vitória imediata, não poderá ser
restaurada pelo êxito, se houver, no
segundo turno.
Toda especulação sobre o resultado da nova disputa ou sobre o mandato vindouro, seja de que for, por
ora é despropositada. Dadas as circunstâncias eleitorais e, aspecto original da disputa, por circunstâncias
policiais. A inconsistência dos partidos leva os candidatos a negociações
Estado a Estado, com partidos diferentes e, neles, correntes conflitantes. Há que aguardar as preliminares
de tais negociações variadas, para
deduzir suas prováveis influências
na disputada eleitoral. Embora, nesse aspecto, desde logo haja tendências mais favoráveis a Lula.
Mas as circunstâncias políticas estão condicionadas pelos desdobramentos que possam ter as investigações do caso dossiê, já estabelecidas
suas conexões com o caso dos sanguessugas. As quais levam o PSDB
de Alckmin para fazer par com o PT,
em vista dos indícios, ou mais do que
isso, de que a ação dos sanguessugas
foi criada e projetou-se desde o controle dos cofres da Saúde em mãos
de Barjas Negri, então ministro de
Fernando Henrique e hoje prefeito
peessedebista de Piracicaba. Se lembrarmos que também o "valerioduto" foi criado no PSDB de Minas, para servir ao então governador e hoje
senador Eduardo Azeredo, conclui-se que não seria lógica a bandeira da
ética para a disputa do segundo turno pelo PSDB, como pregam suas
eminências.
Sobre a próxima Presidência do
Brasil, portanto, por agora tanto faz
ler o noticiário político ou o de teor
policial.
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