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Walfrido se define como "avis rara" da política
Ministro nega participação na coordenação de campanha de Azeredo e diz que ajudou a fazer cálculos por ser "hábil com números"
Para ele, interessados na "manipulação política" do caso estão pressionando o procurador para que ofereça uma denúncia prematura
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa última tentativa de
não ser denunciado no caso do
valerioduto tucano, o ministro
Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) classificou-se como "avis rara" no
meio político e disse que há
pessoas interessadas em "colocar uma faca no pescoço" do
procurador-geral da República,
Antonio Fernando Souza.
Walfrido apresentou, anteontem, sua defesa prévia a
Antonio Fernando, que deve
propor nos próximos dias denúncia contra os envolvidos no
caixa dois da campanha de 1998
de Eduardo Azeredo (PSDB).
Apesar de não ter explicitado
a comparação, a expressão "faca no pescoço" foi uma alusão à
frase dita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski.
Numa conversa ao telefone,
presenciada pela Folha, Lewandowski disse que "todo
mundo votou com a faca no
pescoço", referindo-se aos demais ministros do Supremo, na
aceitação da denúncia contra
os envolvidos no mensalão.
Segundo Walfrido, por meio
de seu advogado, Arnaldo Malheiros Filho, "pessoas interessadas na manipulação política
das apurações" sobre o valerioduto tucano estariam exercendo "inusitada pressão" para
que o procurador oferecesse a
denúncia de forma prematura.
Usando muitos adjetivos e
acrescentando pouca informação nova, Walfrido, mais uma
vez, negou que tivesse participado da coordenação da campanha de Azeredo. A Polícia
Federal apreendeu três manuscritos de Walfrido com
anotações sobre recursos a
aliados políticos. Em pelo menos um caso citado pelo ministro, a PF confirmou que o aliado recebeu dinheiro do caixa
dois de Azeredo.
Walfrido diz que os manuscritos eram apenas estimativas
de despesas e que ajudou a fazer os cálculos por ser hábil
com números. "Engenheiro de
formação [...], o requerente tornou-se avis rara no meio político, onde a retórica costuma suplantar de longe a aritmética."
"Sua capacidade de dimensionar quantitativamente uma
campanha [...] tornou-se legendária em sua terra."
Sobre a denúncia feita pela
PF de que a Receita Federal levantou indícios de irregularidades na movimentação financeira de sua empresa, a Samos
Participações, o ministro apresentou resultado preliminar de
auditoria realizada pela PriceWaterhouse a seu pedido.
Segundo Walfrido, a auditoria confirmou que o capital da
Samos foi constituído por quase R$ 16 milhões em dinheiro,
decorrente da venda de outra
empresa de Walfrido, a Biobras. A grande movimentação
financeira da Samos em 2002,
diz o ministro, deveu-se à aplicação dos recursos no mercado
financeiro, que seria a única
fonte de receita da empresa.
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