São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / RIO DE JANEIRO

Cabral enfrenta Lula no interior do Estado

Sem dar apoio a nenhum político na capital, presidente grava depoimentos para adversários de candidatos do governador

Parte do PT se queixa da campanha incisiva do PMDB e dificulta negociação para declarar apoio no segundo turno para Eduardo Paes

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A política de não-enfrentamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), na campanha pela prefeitura da capital, não se estende a todo o Estado. Os dois, firmes aliados desde o final de 2006, estão em lados opostos em pelo menos sete municípios importantes.
No principal deles, Nova Iguaçu, o PT tenta reeleger Lindberg Farias e se consolidar na Baixada Fluminense visando às eleições estaduais de 2010. É sobretudo nesta região que os dois se enfrentam pela TV e pelo rádio. Além de Nova Iguaçu, há embates entre candidatos de Cabral e de Lula em São Gonçalo, Belford Roxo, Itaboraí, Barra Mansa, Queimados e Angra dos Reis.
O empenho de Cabral em candidaturas no interior do Estado onde o PT também tenta o poder incomodou petistas. Eles esperavam o mesmo distanciamento que Lula tem na capital, onde não apóia abertamente nenhum dos quatro candidatos da base aliada do governo.
Lula gravou mensagens pedindo votos para alguns candidatos do Estado, mas não fez o mesmo para o candidato do PT na capital, Alessandro Molon.
A atuação de Cabral leva a ala "esquerda" do partido chega a questionar o apoio a Eduardo Paes (PMDB) na capital. A adesão do PT a Paes no segundo turno é julgada "natural" pelo PMDB, pois os petistas integram a base do governo.
O mal-estar em Nova Iguaçu, quarto colégio eleitoral do Rio, teve seu auge quando, em campanha por Nelson Bornier (PMDB), Cabral disse que o Hospital Municipal da Posse "é um açougue" e "trata os pacientes como cachorros". O governador já havia participado da campanha de TV de Bornier, em que garantia a instalação na cidade de três Unidades de Pronto Atendimento 24 horas, "febre" na campanha de peemedebistas de todo o Estado.
O prefeito Lindberg Faria é o principal nome do PT para a sucessão de Cabral em 2010. O partido controla hoje seis prefeituras, contra 47 do PMDB.
"A Baixada Fluminense tem uma grande importância para nós, porque é aqui que está a base popular que dizia: "Lula de novo com a força do povo" [slogan da reeleição]", disse o ministro Tarso Genro, em Queimados, apoiando Zaqueu Teixeira (PT). Na cidade, Cabral apóia Max Lemos (PMDB).
Nos comícios, Cabral afirma que sua presença é garantia da parceria de seu candidato com seu governo e com Lula, mesmo quando este apóia outro.
Integrantes da bancada federal e estadual do PT enviaram um documento para o governador pedindo mais "equilíbrio", mas a atuação de Cabral não mudou. "Acho um equívoco político do governador", disse o deputado petista Luiz Sérgio.


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