São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

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SUDESTE

SÃO PAULO
Em momento de popularidade recorde, Lula foi poupado, quando não bajulado, até pelos candidatos de partidos de oposição. Mas, para que sua vitória seja de goleada (ou não seja contestada), o presidente precisa de resultados expressivos no Estado do maior adversário. Daí a ironia: cabe a Marta Suplicy, a quem Lula não vinha tratando com afeto ou deferência, o papel de ponta-de-lança contra o serrismo. O diagnóstico na capital, no entanto, ficará para o segundo turno -Gilberto Kassab (DEM), em ascensão nas pesquisas, poderá despontar como o grande nome destas eleições. Hoje, as atenções irão para o cinturão em volta da capital. O PT tem boas chances, mas os adversários também, em cidades como São Bernardo, Guarulhos, Diadema e Osasco. No interior, o campo demo-tucano deverá prevalecer na maioria dos grandes municípios, como Ribeirão Preto, Piracicaba, Jundiaí e Bauru. Nos demais, o governador José Serra atuou para ter um pé em chapas favoritas não encabeçadas pelo PT: PMDB em Santos, PSB em São José do Rio Preto e São Vicente, PDT em Campinas e no Guarujá...

MINAS GERAIS
Aécio Neves manobrou em duas frentes: em Minas Gerais, para lançar o esboço daquilo que chama de Pós-Lula; fora de Minas, para sabotar as pretensões presidenciais de seu colega tucano José Serra. Tão empenhado, não hesitou em adotar políticas diferentes para o seu partido. Dentro do Estado, abandonou o PSDB à própria sorte, alienou os parceiros tucanos no cenário nacional e namorou o maior rival. Em Belo Horizonte, 12 siglas integram a coalizão aecista (inclusive o PT), mas não o DEM -o "poste" Márcio Lacerda (PSB) poderá se eleger no domingo. Em outras grandes cidades (Betim, Uberlândia, Montes Claros, Santa Luzia, Ipatinga, Ribeirão das Neves), o PSDB não está nem no páreo -PMDB e PT deverão colher mais vitórias. Fora do Estado, o governador fez o que pôde para agradar os caciques tucanos, de Tasso Jereissati a Geraldo Alckmin, desde que antipáticos ao serrismo. O prefeito Fernando Pimentel comprou briga dentro do PT ao bancar o pacto com Aécio na capital, mas fortaleceu-se para o governo em 2010 -se os petistas negarem legenda, sempre haverá o PSB para chamar de seu.

RIO DE JANEIRO
Sérgio Cabral tem a perspectiva de eleger o prefeito do Rio, façanha que um governador não obtém há 23 anos no Estado. O candidato do PMDB, Eduardo Paes, está na frente nas pesquisas -ele astutamente centrou a campanha na saúde (maior problema na percepção do eleitor local) e beneficiou-se do perfil de bom moço, fácil de contrapor a rivais tão carismáticos e/ou "rejeitáveis" como Marcelo Crivella (PRB) e Jandira Feghali (PC do B). Na reta final, as pesquisas detectaram a subida do tucano-verde Fernando Gabeira. Ainda que haja essa reviravolta no segundo turno, Cabral terá colecionado golaços: tratorou o prefeito Cesar Maia e seu partido (DEM), convenceu as alas do PMDB fluminense a se unirem em torno dele e, sem se queimar com os caciques tucanos (Aécio e Serra são "amigos do peito"), tornou-se o embaixador de Lula no Sudeste. Garantiu que, na sucessão presidencial, será voz influente. O PMDB também vislumbra vitórias em outras grandes cidades, como Campos (a volta do casal Garotinho) e Volta Redonda, e se acotovela com o PT na Baixada Fluminense.

ESPÍRITO SANTO
É considerada certa a reeleição de João Coser (PT) em Vitória já no primeiro turno. Resta saber se o prefeito se sentirá tentado a buscar o governo capixaba em 2010 -e se o governador Paulo Hartung (PMDB) topará dar ao petista o controle da teia suprapartidária que costurou no Estado (de fazer inveja a Aécio Neves). O vice-governador, Ricardo Ferraço (PSDB), estava na fila... Por enquanto, outro tucano, o ex-prefeito da capital Luiz Paulo Velloso Lucas, é a única figura importante a contestar a grande "concertação".


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