São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009

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Em dia de Ciro, Palocci admite disputar SP

Na mesma data em que o deputado do PSB transferiu domicílio para o Estado, petista diz que aceita debater candidatura ao governo

Conforme acordo entre os partidos aliados, decisão sobre candidaturas ocorrerá apenas após definição de nomes para a Presidência


Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Ciro Gomes e seu título eleitoral, que foi transferido para SP

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia em que o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) transferiu seu domicílio eleitoral para São Paulo e manteve aberta a alternativa legal para disputar o governo do Estado, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT) admitiu pela primeira vez a possibilidade de também concorrer à sucessão do tucano José Serra no Palácio dos Bandeirantes em 2010.
A decisão, no entanto, conforme acordo entre os dois partidos, só deverá acontecer no início do ano que vem. Até lá, as duas siglas têm como objetivo comum a "desconstrução" da atual gestão tucana no Estado.
O anúncio de Palocci é uma forma de os defensores da candidatura própria petista ao Palácio dos Bandeirantes se contraporem aos setores do partido que apoiam Ciro e que até comemoraram a transferência de seu domicílio eleitoral.
"A agenda dada pelo Diretório Nacional de discutir esse assunto [candidato da eleição estadual] em fevereiro ou março é a mais adequada. Eu tenho toda a disposição de fazer essa discussão na hora certa", afirmou Palocci, que também é deputado federal e um dos principais nomes do PT no Estado.
Desde que foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal, no mês passado, da acusação de ter violado o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, Palocci passou a ser o principal nome do PT na corrida pelo Bandeirantes. Ele conta inclusive com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caso Ciro não aceite retirar sua candidatura a presidente da República para ajudar a petista Dilma Rousseff [ministra da Casa Civil].
Mas, até ontem, Palocci se recusava a comentar publicamente o assunto. O ex-ministro da Fazenda justificou a iniciativa de aguardar o início de 2010 afirmando que é preciso esperar a definição das candidaturas ao Planalto.
Palocci foi o centro das atenção da festa feita pelo PT, em São Paulo, no início da tarde, para filiar o empresário Ivo Rosset, presidente da empresa têxtil Valisère, e sua mulher, a psicanalista Eleonora Mendes Caldeira, ao partido.
Assim que a festa petista acabou na Câmara Municipal, Ciro reuniu correligionários e jornalistas para assinar a mudança de seu domicílio eleitoral.
Ciro admitiu a possibilidade de concorrer na sucessão estadual, apesar de reafirmar sua intenção de disputar a Presidência e dizer que seu partido tem um forte nome, o recém-filiado presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf.
Ele disse ter atendido a considerações de seu partido e "de parceiros de grande relevância", citando "muitos militantes queridos do PT".
"Eu venho para ajudar.Confesso minha vontade de reafirmar uma candidatura à Presidência. Porém, agora com a legitimidade formal de ajudar a construir também aqui a agenda de São Paulo", disse Ciro.
Conforme a lei, o candidato precisa ter o título eleitoral registrado na cidade e, consequentemente, no Estado pelo qual irá concorrer, pelo menos um ano antes da eleição.
Na segunda-feira, a direção estadual do PT-SP tem programado um extenso debate sobre a sucessão de Serra. A ala mais próxima da ex-ministra Marta Suplicy defende, internamente, a candidatura própria com Palocci à frente da chapa. Outra, afinada com o Planalto, sonha em ter Ciro Gomes na chapa.
"O mais importante é nós juntarmos os partidos da base aliada ao presidente Lula para definirmos um único nome. Se for o do Ciro, ótimo", disse Cândido Vaccarezza, líder do PT na Câmara dos Deputados.
O próprio Palocci, por sua vez, comemorou a decisão do deputado do PSB: "O Ciro é muito bem-vindo ao debate em São Paulo. Vai ser muito considerado por nós".
Ciro voltou a fazer críticas ao governador Serra e ao PSDB. "O governo do [ex-presidente] Fernando Henrique, com Serra ministro durante oito anos, foi um desastre", disse. Apesar de afirmar que tem um diálogo permanente com o PT, Ciro também fez críticas ao partido, especialmente ao desejo petista de encabeçar as chapas.


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