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"Melhoria em corredor
é passo para pedágio"
DO ENVIADO A VITÓRIA
Leia trechos da entrevista com o
mentor do pedágio urbano de
Londres, Derek Turner:
Folha - Qual é a opinião do sr. sobre as regras do rodízio de veículos
de São Paulo?
Derek Turner - O problema é que
esse sistema incentiva a compra
de um carro adicional, e não atinge o hábito de controlar a utilização
do carro. Ele cria
muito mais carros,
que não estão em
bom estado de
conservação.
Quem só poderia
comprar um acaba comprando
dois. Ele também é
uma forma de diminuir os congestionamentos, mas
não oferece a possibilidade de arrecadar dinheiro para os investimentos em transporte
público, como no
caso do pedágio
urbano.
O pedágio urbano tem três vantagens: reduz os
congestionamentos, cria uma taxa
de investimento e
torna mais atraentes as viagens no
transporte público. Com as ruas
mais vazias, os ônibus andam
mais rápido. Não conheço nenhum outro sistema no mundo
com essas vantagens.
Folha - O sr. avalia que é possível
adotar um sistema de pedágio urbano mesmo sem termos em São
Paulo um transporte público de
boa qualidade?
Turner - As melhorias dos corredores de ônibus em São Paulo já
são um passo, uma preparação.
Você já pode começar a avaliar essa possibilidade cuidadosamente.
Não se pode também subestimar
a influência do congestionamento
na ineficiência do transporte público. Em Londres, deixamos
bem claro que, adotando um pedágio urbano, aquele sistema de
transporte público existente ficaria melhor. Agora os ônibus são
mais confiáveis, mais eficientes.
Folha - O sr. foi procurado por
muitos países que pretendem implantar um sistema parecido?
Turner - Fui chamado para
aconselhar em Estocolmo, na
Suécia, e até em uma
série de cidades norte-americanas. Os
norte-americanos
têm tradições de rodovias pedagiadas,
são ligados a forças
de mercado. A área
de trânsito é a única
que não tem nenhum custo adicional para eles.
Não estou dizendo
que não se deve ter
automóveis, mas é
uma questão de
quando eles devem
ser usados.
Folha - A tendência
em Londres é elevar a
restrição no futuro,
aumentando as taxas, por exemplo?
Turner - O prefeito
terá que decidir. Se
não aumentar nunca, terá um declínio
nas melhorias do
transporte, porque a inflação vai
comer a taxa. Eu fiz uma promessa ao prefeito e cumpri: construí
uma máquina que funciona.
Agora as decisões passam a ser
políticas.
Folha - A restrição veicular costuma ser vista como uma medida impopular. Em Londres, ela sofria críticas e depois passou a ser aprovada. Por quê?
Turner - Aconteceria a mesma
coisa no Brasil. Eu sugeriria que
as pessoas adotassem essa taxa
para cortar os congestionamentos entre 15% e 20%. A população
vai entender, mesmo que demore
algum tempo.
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