São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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DIPLOMACIA

Criação da nova agência será discutida pelos presidentes no encontro que começa amanhã, no Rio

Grupo pretende criar banco de fomento

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A CAF (Corporação Andina de Fomento), banco de desenvolvimento que reúne nações latino-americanas, será provavelmente o embrião de uma agência multilateral de financiamento cuja criação está sendo discutida pelos 19 países das Américas do Sul e Central do Grupo do Rio.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne amanhã e na sexta-feira no Rio com os chefes de Estado dos demais países do grupo, um mecanismo de consulta e negociação política criado em 1986. O documento a ser divulgado na cúpula começou a ser discutido ontem pelos coordenadores das delegações.
Os presidentes estrangeiros ou seus representantes devem chegar hoje à noite e amanhã de manhã à cidade. As Forças Armadas e a Polícia Federal mobilizaram 1.800 homens para o evento.
Os presidentes Néstor Kirchner (Argentina), Ricardo Lagos (Chile), Álvaro Uribe (Colômbia) e Jorge Batlle (Uruguai) estão entre os que já confirmaram presença. Hugo Chávez, da Venezuela, também é esperado.
Segundo Marcelo Vasconcelos, coordenador da delegação brasileira, além de instrumentos financeiros para ampliar os investimentos na região, foi discutida a situação do Haiti, onde militares brasileiros comandam uma força de paz da ONU enviada após a queda do presidente Jean-Bertrand Aristide, que está exilado na África do Sul.
Esse foi o único tema em que não houve consenso: a Caricom (Comunidade do Caribe) não reconhece o novo governo do país caribenho, alçado ao poder em março. "A Caricom, representada pela Guiana, tem uma visão de que o processo de destituição do presidente Aristide foi imposto [pelos EUA]. Por isso, eles têm dificuldade de aceitar o governo interino", disse Vasconcelos. A Caricom sugeriu que o texto final da cúpula mencione que "a população haitiana tem a responsabilidade central sobre o seu futuro".
Vasconcelos disse que já existem estudos sobre a formação da ASI (Autoridade Sul-americana de Investimento), que seria um braço da CAF, mas que os países do Grupo do Rio ainda não definiram como ela funcionará. A CAF foi formada pelos países do Pacto Andino hoje tem como integrantes Argentina, Brasil, Chile e Espanha, entre outros.
Outros dois temas constarão do documento que será assinado ao final do encontro: o fortalecimento do multilateralismo e o combate à fome e à pobreza. Nesses dois casos, de acordo com Vasconcelos, prevaleceu o consenso ontem.
Todos as delegações, disse ele, concordaram que o documento deve defender a necessidade de reformas da ONU e da OMC (Organização Mundial do Comércio). "Todos estão de acordo que há a necessidade de reforma na ONU, em termos mais democráticos e transparentes, em todos os órgãos", afirmou.


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