São Paulo, terça-feira, 03 de novembro de 2009

Próximo Texto | Índice

Painel

SILVIO NAVARRO (interino) - painel@uol.com.br

Faltou combinar

A iniciativa do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), de incluir na pauta de votações o projeto que estende a mais de oito milhões de aposentados o reajuste dado ao salário mínimo, com status de prioridade da semana, pegou de surpresa ontem líderes dos partidos da própria base e as duas principais centrais sindicais do país, CUT e Força, cujos dirigentes estão em Genebra. Entre os partidos, não há acordo. Já o governo tenta, há meses, negociar com os aposentados um texto paralelo, com reajuste menor e outras medidas compensatórias.
"Ou se fecha um acordo entre governo, centrais e oposição, ou só se vota este tema em 2011", opinou o líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP).



Nem pensar. A aprovação do reajuste levaria Lula a assumir o desgaste político de vetar a proposta, a 11 meses das eleições para a sua sucessão. Na área técnica da Previdência, o comentário é que o país teria de "inventar um novo PIB" para suportar o aumento aos aposentados.

Mais essa. Bandeira do senador Paulo Paim (PT-RS), o projeto reaparece quando as contas públicas registraram, em setembro, o pior desempenho em oito anos.

Novo modelo. Parado desde a crise aérea, em 2007, o projeto do governo que cria uma lei geral das agências reguladoras pode sair da "gaveta" nesta semana. Líderes da base se reúnem hoje com o PSDB para propor votação imediata na Câmara. O texto tira poder das agências e fortalece os ministérios.

Caravana. Deputados capixabas organizaram uma força-tarefa, com apoio da bancada do Rio de Janeiro, para pressionar o relator na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a rever a redução de 22,5% para 18% na participação dos royalties do pré-sal aos Estados produtores. O parecer será votado nesta semana na comissão.

Defensiva. O tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES) até topou participar do mutirão, mas sem mudar o discurso: "Podem até cobrar ajustes, mas esse marco regulatório é tão ruim que não corre nenhum risco de funcionar".

Na mira. Além do PP, lideranças do PSDB também sentarão à mesa nesta semana com o PTB de Roberto Jefferson. Os tucanos afirmam que, das siglas que podem aderir à candidatura de Dilma Rousseff, os petebistas são os mais propensos a não embarcar.

Seleto. Em fase de produção para ser exibido em dezembro, o programa de TV do PT só abrirá espaço para Lula, Dilma e o presidente do partido, Ricardo Berzoini.

Trem bão. Assediado tanto pelo governo quanto pelo PSDB, o PP optou por levar ao ar, na quinta-feira, um programa "neutro". "Vai ser mais mineiro do que o jantar com a Dilma", brinca o deputado Ricardo Barros (PR).

Recado dado. A direção do PV determinou no final de semana que sejam lançados candidatos ao governo em todos os Estados possíveis. E deu ênfase total ao Rio de Janeiro, onde Fernando Gabeira anda cada vez mais inclinado a disputar o Senado.

Cozinha. O PMDB gaúcho vive uma queda de braço entre o senador Pedro Simon e o deputado Eliseu Padilha pelo comando do partido. O primeiro trata a candidatura própria ao governo estadual como inegociável. Já Padilha foi um dos fiadores da aliança com o PSDB de Yeda Crusius no auge da crise do Detran.

Babel. A oposição continua sem se entender sobre a viagem presidencial à transposição do São Francisco. José Aníbal (PSDB-SP) insiste em levar deputados para repetir o trajeto. Já Ronaldo Caiado (GO) quer distância: "Este cavalinho de Troia eles não vão plantar dentro do DEM".

com LETÍCIA SANDER e RANIER BRAGON

Tiroteio

"Se fosse a festa de comemoração da eleição de um senador, ia ter gente pedindo para fechar o Senado."


Do senador CRISTOVAM BUARQUE (PDT-DF), sobre o fato de a Caixa ter pago parte da festa em homenagem ao ministro José Antonio Dias Toffoli após a sua posse no Supremo Tribunal Federal.

Contraponto

Ser ou não ser

Ciro Gomes (PSB-CE) estava quarta-feira passada no cafezinho da Câmara quando foi abordado por um grupo de visitantes. Como eles vinham de São Paulo, o deputado aproveitou para brincar com o colega Ricardo Berzoini (PT-SP), que também conversava por ali:
-Olhe aqui, Berzoini, são seus eleitores!
O presidente do PT riu, e Ciro, que muitos petistas gostariam de ver disputando a sucessão paulista, completou:
-Mas podem ser meus também.
Dirigindo-se ao grupo, Ciro cuidou de frisar:
-Só que eu sou candidato a presidente!


Próximo Texto: Minha Casa, Minha Vida privilegia corretora sindical
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.