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RORAIMA
Flamarion diz que não tinha "noção da grandiosidade" do esquema no Estado
Governador afirma conhecer "superficialmente" gafanhotos
Lula Marques/Folha Imagem
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O governador Flamarion Portela em entrevista em Brasília ontem |
IURI DANTAS
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador de Roraima, Flamarion Portela (PT), disse ontem
ter conhecimento "superficial" do
chamado "esquema dos gafanhotos", em que funcionários fantasmas eram cadastrados na folha
salarial do Estado, e o dinheiro,
desviado para políticos locais.
"A sociedade comentava, a sociedade falava. Eu tinha conhecimento superficial disso. Não tinha noção da grandiosidade, não
conhecia profundamente."
Momentos antes, na mesma entrevista, o governador havia negado saber do esquema. "Eu não tinha conhecimento dessa coisa."
Segundo as investigações, o esquema data de 1999, quando Flamarion era vice-governador de
Neudo Campos (PP), preso na semana passada como suspeito de
participar do esquema. Questionado se nada descobriu durante
os três anos em que acompanhou
Campos, Flamarion generalizou.
"O que eu sabia era exatamente
o que a população sabia. Mas isso
era fechado, isso era trancado. Se
sabia, é porque em cidade pequena se sabia, mas não tinha o caminho, a consistência", afirmou.
O caso veio à tona em setembro
do ano passado, com uma reportagem da Folha. Flamarion comandava o Estado desde abril,
quando Campos se desincompatibilizou para disputar, sem sucesso, uma vaga no Senado.
O petista disse que, ao tomar
posse, extinguiu o DER (Departamento de Estradas e Rodagem)
do Estado, por suspeitar que o órgão era um dos focos do esquema.
E determinou a unificação das folhas salariais, o recadastramento
dos servidores e realização de amplo concurso público. Como
exemplo da moralidade que diz
ter adotado, Flamarion citou que
exonerou diversos funcionários
com base somente na citação de
seus nomes no inquérito da PF.
Mas, acusado de envolvimento
no caso, Flamarion evita analisar
a possibilidade de se licenciar do
cargo e desqualifica a testemunha
que o citou -Carlos Eduardo Levischi, ex-diretor-geral do DER.
"Eu fui citado pelo Carlos Levischi. Na realidade, esse rapaz tem
profunda mágoa contra mim. Há
algum tempo, esse cidadão foi
preso em Tocantins por roubo de
carro." A Folha não conseguiu localizar Levischi para ouvi-lo.
Flamarion admitiu que pediu a
Neudo Campos um emprego para Sônia Nattrodot, que agora testemunha à Justiça detalhes sobre
os gafanhotos. "Pedi o emprego,
ela teve o emprego dela, o salário
era dela. Não vejo crime nenhum
em pedir emprego para alguém e
as pessoas exercerem sua atividade recebendo seu salário", disse.
O governador chegou a Brasília
na noite de anteontem e deverá
ter uma conversa hoje com José
Genoino, presidente do PT, e Silvio Pereira, secretário de organização partidária. "Entrei no PT
para honrar o PT. Quero aprender a fazer política pública com o
PT. Não vim aqui para cobrar nada do PT", disse.
Emissário
A Executiva Nacional do PT,
reunida em São Paulo, decidiu enviar um representante para acompanhar as investigações em Roraima e o possível envolvimento
do governador. Será a ex-governadora do Amapá Dalva de Figueiredo que provavelmente irá
ao Estado ainda nesta semana.
Genoino reafirmou a posição
do PT em apoio a Flamarion. "Até
o momento não há nada contra o
governador. Se surgir alguma coisa concreta e comprovada, o partido vai examinar. O fato de um
petista ser investigado é normal.
Qualquer prefeito ou governador
está sujeito a isso." Ele disse que
"não está em pauta" a discussão
sobre a possibilidade de expulsão
de Flamarion do PT.
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