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RORAIMA
Em outubro, Ministério Público Federal enviou ofício sobre secretários a governador, que negou irregularidades
Flamarion recebeu alerta sobre corrupção
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA
O governador Flamarion Portela (PT) foi alertado oficialmente
pelo Ministério Publico Federal
de que seus secretários Jorci Mendes (Fazenda) e Jander Gerner
Guerreiro (Tesouro) estariam envolvidos em supostos desvios de
recursos da União.
O documento de caráter confidencial, ao qual a Agência Folha
teve acesso, é datado de 8 de outubro e sugeriu ao governador que
tomasse medidas contra eles.
Dez dias depois, Flamarion respondeu aos procuradores por escrito, negando as irregularidades.
Na semana passada, após as prisões efetuadas pela Polícia Federal
relacionadas ao "escândalo dos
gafanhotos", o governador exonerou Mendes. Justificou a medida como "prevenção", já que o ex-secretário foi investigado pela PF.
Guerreiro não responde a sindicância interna e, até ontem, mantinha-se no cargo.
O ofício encaminhado a Flamarion pela Procuradoria diz: "Há
evidências de que atos administrativos teriam sido praticados de
forma premeditada atuando em
curso de pessoas entre autoridades públicas e privadas para a prática de crimes envolvendo desvios
de recursos federais e estaduais de
grande monta".
Era uma referência à forma com
que os recursos públicos que supostamente seriam para o pagamento de funcionários do Estado,
cerca de 5.500 deles fantasmas, estavam sendo geridos.
Por força de um contrato iniciado na gestão anterior, do ex-governador Neudo Campos (PP), e
mantido por Portela -conforme
a Folha noticiou em setembro-,
a empresa NSAP (Norte Serviços
de Arrecadação e Pagamentos) tinha poderes sobre duas contas
correntes do governo do Estado,
com a justificativa de promover o
pagamento dos servidores.
Para as contas, que não sofreriam nenhum controle rígido de
movimentação, eram transferidos recursos da União, que serviriam para alimentar o "escândalo
dos gafanhotos".
A fraude, que teria o ex-governador como mentor, era baseada
no uso de funcionários fantasmas
(os "gafanhotos", que roíam a folha de pagamento) para o enriquecimento de cerca de 30 autoridades, incluindo ex-deputados
estaduais e atuais parlamentares.
Em quatro anos, o esquema pode
ter desviado R$ 230 milhões.
A responsabilidade direta apontada pelo documento recaía sobre
os secretários da Fazenda e do Tesouro. Eles teriam deixado a
NSAP administrar valores públicos de forma "criminosa".
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