|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO SANTO ANDRÉ
Presidente do PT considera que partido é vítima no episódio
Querem matar Daniel pela
segunda vez, diz Genoino
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PT, José Genoino, afirmou ontem que o partido
é "vítima" tanto no episódio do
assassinato do prefeito de Santo
André, o petista Celso Daniel, como nos embates com os chamados radicais da sigla.
No caso Celso Daniel, segundo
Genoino, o PT é duplamente prejudicado. "Primeiro, porque perdeu um quadro. Segundo, querem matar o prefeito duas vezes.
Em primeiro lugar, naquela estrada. Agora, querem matar sua
imagem", disse ele, a respeito da
divulgação da suspeita de que o
prefeito havia descoberto um esquema de coleta de propinas de
empresários comandado por pessoas ligadas à prefeitura.
"O inquérito foi conduzido e
concluído pelas polícias Militar e
Civil, no governo do PSDB. Se o
Ministério Público quer reabrir as
investigações, é problema do Ministério Público", disse o presidente nacional do PT.
Na época da morte do prefeito,
o então ministro Aloysio Nunes
Ferreira (Justiça) afirmava ver indício de crime político, assim como alguns dirigentes do PT.
Mais defesa
Genoino também defendeu a
expulsão, pelo Diretório Nacional, da senadora Heloísa Helena
(AL) e dos deputados federais Babá (PA), Luciana Genro (RS) e
João Fontes (SE), a quem acusou
de "sectarismo".
"Eles fizeram a opção de romper com o PT. Uma opção unilateral, sectária. Agora, fazem essa
opção com ares de vítima, mas
quem está sendo vítima é o partido. O PT está sendo vítima de ataques injustos, de adjetivações inaceitáveis", disse o petista.
Genoino disse que não sabe se o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva -que é membro do Diretório
Nacional do PT- participará da
decisão sobre a expulsão, marcada para o próximo dia 14. Lula já
terá voltado de sua viagem ao
Oriente Médio, mas estará a caminho de Montevidéu.
Segundo Genoino, o processo
disciplinar contra os quatro congressistas buscava uma negociação. "Mas eles não fizeram nenhum gesto de repactuação com
o partido nestes 11 meses de governo. Nenhum gesto, nenhuma
sinalização, nenhum pronunciamento, nenhum voto, nada."
Para Genoino, o PT não pode
abrir mão dos votos dos seus parlamentares. "Com tudo que aconteceu, nós não podemos aceitar a
liberação de voto. Vocês já imaginaram se o PT liberar o voto? Não
tem mais bancada, não tem mais
partido. Quem defende isso quer
que o PT se torne um aglomerado, como alguns partidos que
existem no Brasil."
Sem inovação
Genoino afirmou que a provável expulsão desses quatro parlamentares não será uma inovação.
"O PT na sua primeira bancada
tinha oito deputados. Saíram três
porque votaram no Colégio Eleitoral [que elegeu Tancredo Neves
em 85]. O PT tinha dois governadores [Cristovam Buarque, no
Distrito Federal, e Vitor Buaiz, no
Espírito Santo], e um [Buaiz] saiu
do PT porque contrariou a posição do partido no Estado. O PT tinha uma ex-prefeita de São Paulo
[Luiza Erundina] que saiu do partido porque participou do governo Itamar [92-94]. O PT garante a
plena liberdade de opinião, manifestação e crítica, mas vocês sabem que o PT nunca abriu mão
do voto", disse Genoino.
As manifestações em favor do
perdão do PT aos chamados radicais, para Genoino, não deverão
influenciar a decisão do partido.
Segundo ele, essas manifestações
"fazem parte da vida democrática
do país, mas é importante lembrar que o PT não está inovando".
Texto Anterior: Polícia suspeita de depoimentos Próximo Texto: Promotores pediram apoio ao PT Índice
|