UOL

São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO SANTO ANDRÉ

Presidente do PT considera que partido é vítima no episódio

Querem matar Daniel pela segunda vez, diz Genoino

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PT, José Genoino, afirmou ontem que o partido é "vítima" tanto no episódio do assassinato do prefeito de Santo André, o petista Celso Daniel, como nos embates com os chamados radicais da sigla.
No caso Celso Daniel, segundo Genoino, o PT é duplamente prejudicado. "Primeiro, porque perdeu um quadro. Segundo, querem matar o prefeito duas vezes. Em primeiro lugar, naquela estrada. Agora, querem matar sua imagem", disse ele, a respeito da divulgação da suspeita de que o prefeito havia descoberto um esquema de coleta de propinas de empresários comandado por pessoas ligadas à prefeitura.
"O inquérito foi conduzido e concluído pelas polícias Militar e Civil, no governo do PSDB. Se o Ministério Público quer reabrir as investigações, é problema do Ministério Público", disse o presidente nacional do PT.
Na época da morte do prefeito, o então ministro Aloysio Nunes Ferreira (Justiça) afirmava ver indício de crime político, assim como alguns dirigentes do PT.

Mais defesa
Genoino também defendeu a expulsão, pelo Diretório Nacional, da senadora Heloísa Helena (AL) e dos deputados federais Babá (PA), Luciana Genro (RS) e João Fontes (SE), a quem acusou de "sectarismo".
"Eles fizeram a opção de romper com o PT. Uma opção unilateral, sectária. Agora, fazem essa opção com ares de vítima, mas quem está sendo vítima é o partido. O PT está sendo vítima de ataques injustos, de adjetivações inaceitáveis", disse o petista.
Genoino disse que não sabe se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva -que é membro do Diretório Nacional do PT- participará da decisão sobre a expulsão, marcada para o próximo dia 14. Lula já terá voltado de sua viagem ao Oriente Médio, mas estará a caminho de Montevidéu.
Segundo Genoino, o processo disciplinar contra os quatro congressistas buscava uma negociação. "Mas eles não fizeram nenhum gesto de repactuação com o partido nestes 11 meses de governo. Nenhum gesto, nenhuma sinalização, nenhum pronunciamento, nenhum voto, nada."
Para Genoino, o PT não pode abrir mão dos votos dos seus parlamentares. "Com tudo que aconteceu, nós não podemos aceitar a liberação de voto. Vocês já imaginaram se o PT liberar o voto? Não tem mais bancada, não tem mais partido. Quem defende isso quer que o PT se torne um aglomerado, como alguns partidos que existem no Brasil."

Sem inovação
Genoino afirmou que a provável expulsão desses quatro parlamentares não será uma inovação.
"O PT na sua primeira bancada tinha oito deputados. Saíram três porque votaram no Colégio Eleitoral [que elegeu Tancredo Neves em 85]. O PT tinha dois governadores [Cristovam Buarque, no Distrito Federal, e Vitor Buaiz, no Espírito Santo], e um [Buaiz] saiu do PT porque contrariou a posição do partido no Estado. O PT tinha uma ex-prefeita de São Paulo [Luiza Erundina] que saiu do partido porque participou do governo Itamar [92-94]. O PT garante a plena liberdade de opinião, manifestação e crítica, mas vocês sabem que o PT nunca abriu mão do voto", disse Genoino.
As manifestações em favor do perdão do PT aos chamados radicais, para Genoino, não deverão influenciar a decisão do partido. Segundo ele, essas manifestações "fazem parte da vida democrática do país, mas é importante lembrar que o PT não está inovando".


Texto Anterior: Polícia suspeita de depoimentos
Próximo Texto: Promotores pediram apoio ao PT
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.