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INTERESSE PÚBLICO
Presidente da Câmara diz que ainda não recebeu liminar
João Paulo afirma que liberará dados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Câmara dos
Deputados, João Paulo Cunha
(PT-SP), declarou ontem que vai
franquear à Folha o acesso aos
documentos públicos com dados
sobre o emprego da verba indenizatória por parlamentares.
Os papéis são recibos apresentados por parlamentares para
conseguirem reembolsos mensais
de até R$ 12 mil, correspondentes
a gastos com escritórios nos Estados, consultorias e assessorias.
Na última sexta-feira, o ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu liminar que obriga João Paulo
a permitir o acesso aos documentos. A liminar foi pedida em mandado de segurança da Empresa
Folha da Manhã, que edita a Folha, contra a Mesa da Câmara.
Até o fechamento desta edição,
no entanto, os comprovantes de
despesas ainda não haviam sido
liberados. Segundo o diretor de
Comunicação da Casa, Márcio
Araújo, a Câmara dos Deputados
ainda não havia sido notificada
oficialmente da liminar.
"Não há problema nenhum.
Vamos tornar públicos esses documentos", afirmou João Paulo,
no início da manhã. Ele disse que
precisava conhecer o teor da liminar, uma vez que teria sido informado da decisão do Supremo
apenas pelo noticiário. Uma cópia
do documento havia sido deixada
pela Folha com o diretor-geral da
Câmara, Sérgio Sampaio, no dia
anterior. No início da tarde de ontem, o presidente da Casa ainda
dizia desconhecer seu conteúdo.
João Paulo também afirmou
que não sabia do pedido de acesso
aos recibos com as despesas dos
parlamentares. A Folha tenta,
sem sucesso, analisar tais comprovantes desde o dia 20 de agosto. A solicitação foi feita a Sampaio e encaminhada à Mesa Diretora da Câmara, da qual João Paulo faz parte, e foi negada. O processo foi acompanhado pelo assessor de imprensa do presidente
da Câmara, Luís Costa Pinto.
A Câmara tem dez dias para
prestar as informações solicitadas
pelo ministro Celso de Mello sobre os motivos que a levaram a
não permitir o acesso da reportagem aos comprovantes. Esse prazo começa a ser contado um dia
após a entrega da notificação.
Responsável pela fiscalização do
uso das verbas, Sérgio Sampaio
disse anteontem que a diretoria
entende que os documentos não
são públicos enquanto estiverem
sob avaliação interna. Questionado se a reportagem poderia manusear os recibos de 2001 e 2002,
ele afirmou que "essa é uma decisão que passa pela Mesa, é uma
decisão política e não técnica".
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