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Corregedor critica falta de servidores
DA REPORTAGEM LOCAL
"Os desembargadores trabalham nos limites das suas forças",
diz Luiz Elias Tâmbara, 63. "É importante a recomposição do quadro de magistrados e de funcionários, desfalcado pelo engessamento orçamentário imposto pela Lei
de Responsabilidade Fiscal." A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha.
Folha - Qual será a prioridade que
V. Excia. pretende estabelecer se
for eleito presidente do tribunal?
Luiz Elias Tâmbara - Não se há de
falar em única prioridade, mas
num conjunto de atos tendentes a
assegurar o elevado grau de eficiência dos julgamentos e a atualização dos meios indispensáveis a
tornar a prestação jurisdicional
mais célere. Nessa linha situa-se a
finalização do processo de informatização, o aparelhamento e a
capacitação dos recursos humanos da nossa instituição e o aprimoramento do sistema da mediação em primeiro e segundo graus.
Folha - Qual a sua avaliação da
gestão atual?
Tâmbara - Teve o mérito de conduzir com serenidade o Judiciário
bandeirante numa fase tormentosa, em que ocorreram atentados a
fóruns, a integrantes da magistratura e em que os recursos financeiros foram escassos. Destacam-se, entre outros, o início da rede
lógica unindo os mais de 600 prédios do Judiciário paulista, a implantação do sistema de mediação em segundo grau, a criação do
juizado de família criminal e a criteriosa instalação de varas novas.
Folha - O que é preciso para reduzir o congestionamento do Judiciário paulista?
Tâmbara - As medidas anteriormente mencionadas, de conclusão do processo de informatização e de aprimoramento do sistema de mediação em primeiro e
segundo graus, são importantes
instrumentos. O aumento do
quadro da magistratura de segundo grau também contribuirá de
maneira significativa. É importante também a recomposição do
quadro de magistrados e de funcionários. Há cerca de 158 cargos
vagos de juiz de primeiro grau e
de 11 mil servidores, além das 446
varas novas a serem instaladas.
Folha - V. Excia. pretende manter
o sistema de distribuição semanal
de dez processos por desembargador? Diante do acervo, essa cota
não é quase insignificante?
Tâmbara - A distribuição não se
limita a dez ou 13 processos semanais para cada magistrado estudar e julgar, isso porque os agravos de instrumento, mandados de
segurança originários e habeas
corpus não entram nesse cômputo. Na média, são cerca de 900
processos julgados por juiz ao
ano, sem contar aqueles em que o
magistrado participa sem prévia
conclusão.
Folha - Alguns desembargadores
reduziriam essa cota, abatendo os
recursos de agravo de instrumento. É possível eliminar essa prática?
Tâmbara - Posso dar o meu testemunho de que os desembargadores trabalham nos limites das
suas forças. É totalmente falsa a
idéia de que os desembargadores
de algum modo queiram desvencilhar-se do serviço ou que tenham alguma dose de responsabilidade pelo acervo hoje existente. O critério adotado, em que se
compensam agravos de instrumento e processos volumosos, é
transparente e funda-se em razões legítimas, pois busca conferir
maior equilíbrio na distribuição
do trabalho, respeitando os limites da capacidade humana.
Folha - Como o sr. avalia a lentidão da segunda instância?
Tâmbara - O Tribunal de Justiça
do Rio conta com 160 desembargadores que, em 2002, julgaram
80 mil processos. No mesmo período o TJ de São Paulo, com 132
desembargadores, julgou 103.373
processos, e o 1º TAC de São Paulo, com 62 juízes, julgou 60 mil
processos. Esses números demonstram o equívoco da pergunta. Há uma fila ocasionada pelo
excesso de recursos.
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