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POLÍCIA EM CENA
Professor Luizinho (PT) ataca operação em empresa do ministro Eunício Oliveira, mas recua logo em seguida
Líder do governo critica e depois elogia PF
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do governo na Câmara,
deputado Professor Luizinho
(PT-SP), convocou ontem a imprensa para dizer que a ação da
Polícia Federal foi conduzida politicamente por uma facção da
corporação, à revelia do comando, o que colocaria "em risco as
instituições", "o processo republicano" e "o crescimento do país".
O deputado participa da articulação para manter o PMDB do
ministro Eunício Oliveira (Comunicações), dono da Confederal, na
base de apoio do Palácio do Planalto. No dia 12, a legenda faz uma
convenção nacional para definir
se rompe ou não com o governo.
"À revelia da coordenação e da
direção geral, algumas ações de
marketing, de manchete, são executadas", afirmou. "Parece que há
grupamentos que estão se achando no direito de, à revelia do comando, produzir ações que desrespeitam as instituições e põem
em risco o processo republicano."
"É estranho que um ministro
que atua para a governabilidade
do país, cujo partido está pronto
para se reunir para decidir se
mantém a governabilidade ou se
vai para a oposição, colocando em
risco o crescimento e o desenvolvimento do país, ter a sua pessoa
envolvida numa ação como já
ocorreu com a Caixa Econômica
Federal e com a rinha de galo",
disse Luizinho. "Há de convir: é
estranho, não é? O país deve pensar um pouco nisso."
Ao mencionar a rinha, o líder do
governo se referia à prisão pela PF
do publicitário Duda Mendonça,
em outubro, quando assistia a
uma briga de galos (que é crime
ambiental). A ação ocorreu dias
antes do segundo turno das eleições. Duda fazia parte do comando da campanha da prefeita Marta Suplicy (PT), em São Paulo.
"O que me estranha é a PF se
preocupar com uma rinha de galo
no período pré-eleitoral. Isso me
parece uma ação dirigida, que não
é do comando, é de agrupamentos internos. Ir atrás de rinha de
galo em vez de ir atrás do narcotráfico e do contrabando de armas, em período pré-eleitoral?"
A ação na Caixa Econômica se
refere à apreensão de computadores e documentos durante a investigação do contrato do banco com
a multinacional GTech, que foi
uma ramificação do escândalo
Waldomiro Diniz. Na época, Luizinho criticou a ação da PF, que
entrou em atrito com a direção
petista do banco. Num discurso
contraditório, o deputado ressalvava: "Todas as ações da Polícia
Federal são por nós respaldadas.
É determinante neste governo o
combate à corrupção, não há por
que ter alívio, ter proteção".
Recuo
Cerca de meia hora depois da
entrevista coletiva, Luizinho foi
ao plenário da Câmara e desdisse
tudo. Passou a parabenizar a PF.
"Essas ações [da PF] têm atingido governadores e prefeitos do
PT, o que demonstra não haver
um direcionamento político ou
uma ação coordenada e dirigida
em relação aos atos empreendidos", afirmou. "Tais ações de forma alguma podem ser entendidas
como um fator político de busca
de desagregação da unidade necessária da base aliada, da governabilidade e da integridade das
nossas ações."
As declarações do líder do governo espantaram deputados
aliados e foram mote para os ataques da oposição. "Acho completamente inexplicável e estranho
que o líder do governo faça pré-julgamentos audaciosos e ofensivos a operações de uma instituição sob o comando de pessoas
nomeadas pelo presidente da República", afirmou Custódio Mattos (MG), líder do PSDB.
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