São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2004

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POLÍCIA EM CENA

Thomaz Bastos afirma que PF age de forma impessoal e que a corporação mudou "da água para o vinho"

Ação da polícia é republicana, diz ministro

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) disse ontem, por sua assessoria de imprensa, que "mantém sua posição sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Polícia Federal" e que a corporação "tem orientação e age de forma impessoal e republicana, sem perseguir nem proteger ninguém". Para o ministro, a PF mudou "da água para o vinho".
A declaração foi feita após críticas do deputado Professor Luizinho (PT-SP). Horas antes, em entrevista a emissoras de rádio, Bastos havia anunciado a Operação Sentinela, sem entrar em detalhes. E defendeu o trabalho da PF.
O ministro disse apenas que a PF desencadeara uma nova operação e que havia prendido "servidores públicos importantes" e "empresários". Segundo a Folha apurou, o ministro foi informado pelo diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, sobre a operação, incluindo alguns dos chamados "alvos", no jargão policial. E, como de praxe, deu aval para que a PF realizasse as prisões e as buscas.
A interlocutores, Bastos disse que a ação da PF já possui o crivo do Judiciário. Em termos simples: se a Justiça considerou haver indícios para prisões ou apreensões, não há por que brecar a operação.
"O que há é a Polícia Federal trabalhando desse jeito impessoal e republicano. Ela realizou em 18 meses 50 operações sérias, desbaratando quadrilhas que davam prejuízo de bilhões de reais ao Estado brasileiro. Fazendo uma luta contra a corrupção, que inclusive corta na própria carne. Um trabalho de regeneração da PF."
Segundo o ministro, a PF mudou "da água para o vinho" no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. "É importante notar que essa é a mesma Polícia Federal que havia lá atrás. Mudou da noite para o dia, da água para o vinho. Como? Com impessoalidade, espírito republicano, planejamento, inteligência. Parece que é outra, mas é a mesma Polícia Federal."
Como exemplo da "impessoalidade", citou a prisão de Duda Mendonça, publicitário da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, candidata derrotada à reeleição. Duda foi detido em uma rinha de galo no Rio dias antes do segundo turno da eleição paulistana.
"Essa história do Duda, que é meu grande amigo, gosto muito do Duda, essa história serviu para provar um pouco a impessoalidade republicana da Polícia Federal. Porque já recebi reclamações de amigos meus, dizendo que estamos perseguindo o PT, e já recebi reclamações no sentido contrário, de que estamos perseguindo aqueles que prenderam o Duda. Isso dá a tranqüilidade de que estamos no fio da navalha."


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