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Criminalista afirma que há desrespeito
DA REPORTAGEM LOCAL
"Eu tenho enxergado a atuação
da Polícia Federal, no atual governo, não diria fascista, porque é
uma palavra muito forte, mas
uma atuação que nem sempre
tem respeitado, privilegiado esses
direitos que o Brasil lutou tanto
para incorporar", diz o advogado
Luiz Fernando Pacheco.
Ex-sócio de Márcio Thomaz
Bastos, quando o titular da Justiça
exercia a advocacia criminal, Pacheco defende vários réus de megaoperações da Polícia Federal,
subordinada ao Ministério da Justiça. Ele acredita que Thomaz
Bastos teria preocupações iguais
se não estivesse no governo.
"Minha relação hoje com o ministro é de amizade, mas muito
crítica", diz.
Pacheco lembra o histórico de
Thomaz Bastos como presidente
da Ordem dos Advogados do Brasil e defensor dos direitos do cidadão, mas bate forte ao criticar a
atuação da PF no governo Lula.
"O Ministério da Justiça avançou em muitos pontos, mas a
atuação da Polícia Federal nessas
grandes operações de força não
tem respeitado a legalidade. Essa
coisa cresceu no atual governo,
em proporções absurdas", diz.
Conselheiro do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, do qual
Thomaz Bastos é sócio-fundador,
Pacheco defende Law Kin Chong,
acusado de ser um dos maiores
contrabandistas do país, e réu das
operações Shogun, Farol da Colina e Pandora.
Como exemplo de excessos, ele
cita a operação Farol da Colina:
"Mobilizou-se a Polícia Federal
em diversos Estados, centenas de
pessoas foram presas, e, ao final,
quase ninguém está na cadeia".
"Quando se noticia que os acusados foram soltos, a população
tem a sensação de que, por ser um
crime diferenciado, houve favorecimento pelo fato de a pessoa ter
condição financeira. Na verdade,
a prisão foi decretada à míngua
dos pressupostos legais", afirma
Pacheco.
"A prisão preventiva é uma exceção. Nesse caso, é até intuitivo
que eram prisões desnecessárias,
porque eram prisões em massa.
Como você afere a necessidade da
prisão de um determinado indivíduo, se foi decreta a prisão de centenas de pessoas juntas?", questiona o advogado.
(FV)
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