São Paulo, sábado, 03 de dezembro de 2005

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"MENSALÃO"/ RUMO A 2006

Para presidente, potencial de derrota é alto quando partido entra dividido em disputa

Lula age para evitar duelo entre Marta e Mercadante

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da promessa de neutralidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se movimenta para evitar um duelo entre a ex-prefeita Marta Suplicy e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante. Na quinta-feira, Lula chamou dirigentes do PT de São Paulo a Brasília e apelou para que a escolha do candidato do partido ao governo do Estado não seja levada às prévias partidárias.
Lembrando confrontos traumáticos -o mais recente deles entre Tarso Genro e Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul- Lula tem pedido para que o partido não exponha mais uma fissura em um momento tão delicado. Ele alega que o potencial de derrota é muito alto quando o PT entra dividido numa disputa eleitoral.
Sua preocupação é tanta que o presidente estadual do PT, Paulo Frateschi, fixou o mês de maio como data para a realização das prévias no Estado. Até lá, se dedicará à difícil costura de um acordo entre Marta e Mercadante.
"Invisto sempre no diálogo. As experiências de prévia no PT são muito ruins", justificou Frateschi, que foi chamado a Brasília dois dias antes do encontro estadual do partido.
O próprio Mercadante participou da reunião. "O presidente expressou uma preocupação em relação à prévia. Nossa experiência em Santos, Diadema e Rio Grande do Sul mostra que as prévias deixam seqüelas na militância e afetam a eleição. Temos que tomar cuidado para que não haja uma fratura", disse Mercadante.
O líder antecipa a tônica de seu discurso hoje na reunião do diretório estadual do PT, uma pregação pela unidade partidária. Mercadante avisou a interlocutores que não entrará na disputa enquanto a crise do governo consumir sua agenda. "Minha dificuldade objetiva é: não tenho como voltar as costas agora para o governo e para o PT", afirmou Mercadante, queixando-se de uma função que toma tempo, mas dá projeção nacional.
Sem estar presa a cargos, Marta, por sua vez, lançou ontem mesmo sua candidatura ao governo de São Paulo.
Tanto Marta como Mercadante concordaram que as prévias fossem marcadas para maio, apenas cinco meses antes do primeiro turno. Os dois, no entanto, já disputam a preferência dos petistas.
Dedicada à campanha, Marta tem viajado pelo interior do Estado. Daí o interesse dos apoiadores de Mercadante pelo adiamento da decisão.
Segundo petistas, Lula se manifestará publicamente contra as prévias e defenderá outro processo, como o de consulta interna, para a escolha do candidato. Mas ele só agirá no início do ano que vem, quando o quadro político no Estado estiver mais claro.
Os eleitores de Mercadante e Marta concordam num ponto: Lula será influenciado pelas pesquisas, na busca de melhor palanque em São Paulo.
A pedido do governo, os aliados também se mobilizam para ganhar tempo antes de uma decisão partidária. O PMDB, por exemplo, discute se adia ou não sua convenção em março.


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