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"MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Para presidente, potencial de derrota é alto
quando partido entra dividido em disputa
Lula age para evitar duelo entre Marta e Mercadante
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da promessa de neutralidade, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva já se movimenta para evitar um duelo entre a ex-prefeita Marta Suplicy e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante. Na quinta-feira, Lula chamou dirigentes do PT de São Paulo a Brasília e apelou para que a
escolha do candidato do partido
ao governo do Estado não seja levada às prévias partidárias.
Lembrando confrontos traumáticos -o mais recente deles
entre Tarso Genro e Olívio Dutra,
no Rio Grande do Sul- Lula tem
pedido para que o partido não exponha mais uma fissura em um
momento tão delicado. Ele alega
que o potencial de derrota é muito alto quando o PT entra dividido numa disputa eleitoral.
Sua preocupação é tanta que o
presidente estadual do PT, Paulo
Frateschi, fixou o mês de maio como data para a realização das prévias no Estado. Até lá, se dedicará
à difícil costura de um acordo entre Marta e Mercadante.
"Invisto sempre no diálogo. As
experiências de prévia no PT são
muito ruins", justificou Frateschi,
que foi chamado a Brasília dois
dias antes do encontro estadual
do partido.
O próprio Mercadante participou da reunião. "O presidente expressou uma preocupação em relação à prévia. Nossa experiência
em Santos, Diadema e Rio Grande do Sul mostra que as prévias
deixam seqüelas na militância e
afetam a eleição. Temos que tomar cuidado para que não haja
uma fratura", disse Mercadante.
O líder antecipa a tônica de seu
discurso hoje na reunião do diretório estadual do PT, uma pregação pela unidade partidária. Mercadante avisou a interlocutores
que não entrará na disputa enquanto a crise do governo consumir sua agenda. "Minha dificuldade objetiva é: não tenho como
voltar as costas agora para o governo e para o PT", afirmou Mercadante, queixando-se de uma
função que toma tempo, mas dá
projeção nacional.
Sem estar presa a cargos, Marta,
por sua vez, lançou ontem mesmo sua candidatura ao governo
de São Paulo.
Tanto Marta como Mercadante
concordaram que as prévias fossem marcadas para maio, apenas
cinco meses antes do primeiro
turno. Os dois, no entanto, já disputam a preferência dos petistas.
Dedicada à campanha, Marta
tem viajado pelo interior do Estado. Daí o interesse dos apoiadores
de Mercadante pelo adiamento
da decisão.
Segundo petistas, Lula se manifestará publicamente contra as
prévias e defenderá outro processo, como o de consulta interna,
para a escolha do candidato. Mas
ele só agirá no início do ano que
vem, quando o quadro político no
Estado estiver mais claro.
Os eleitores de Mercadante e
Marta concordam num ponto:
Lula será influenciado pelas pesquisas, na busca de melhor palanque em São Paulo.
A pedido do governo, os aliados
também se mobilizam para ganhar tempo antes de uma decisão
partidária. O PMDB, por exemplo, discute se adia ou não sua
convenção em março.
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