São Paulo, quinta-feira, 03 de dezembro de 2009

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Empresas doaram R$ 5,6 mi a campanhas

Citadas no inquérito que investiga o mensalão do DEM fizeram repasses a candidaturas de praticamente todos os partidos

Doações informadas à Justiça mostram contribuições às campanhas de Lula, em 2002, e de Alckmin, em 2006; partidos não comentam


RANIER BRAGON
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As principais empresas citadas no inquérito que investiga o "mensalão do DEM" doaram oficialmente, desde 2002, R$ 5,6 milhões a candidatos de quase todos os partidos.
O financiamento das campanhas não se resume ao Distrito Federal, palco do atual escândalo. Atinge comitês nacionais de campanha, como o do presidente Lula, que recebeu R$ 100 mil da TBA Holding em 2002.
A empresa aparece na investigação da Polícia Federal como fonte da suposta propina de R$ 50 mil entregue ao governador José Roberto Arruda (DEM-DF), que nega irregularidade, afirmando que a quantia seria usada na distribuição de panetones a crianças pobres do DF.
Então candidato a presidente pelo PSDB em 2006, Geraldo Alckmin também recebeu via comitê uma doação, de R$ 5.000, feita por uma das empresas investigadas, a Conbral.
PT e PSDB não comentaram as circunstâncias das doações.
A consulta aos dados oficiais da Justiça Eleitoral mostra ainda que não se restringe ao Distrito Federal a atuação do grupo das 11 principais empresas listadas pela PF no inquérito que investiga o suposto esquema de distribuição de dinheiro a aliados pelo governo do DEM.
O maior volume dessas doações é destinado de forma suprapartidária a candidatos do Distrito Federal e de Goiás, principalmente a aliados de Arruda e do ex-governador Joaquim Roriz (PSC-DF), eles próprios beneficiados.
Mas há também contribuições a adversários do grupo, como o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que recebeu da TBA R$ 150 mil para sua candidatura ao Senado em 2002 e R$ 50 mil para sua candidatura à Presidência em 2006. O senador disse que é amigo da dona da empresa, Cristina Boner.
Outro beneficiário foi o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), um dos principais defensores da expulsão de Arruda da legenda. O senador obteve R$ 58 mil da Linknet para sua candidatura ao governo de Goiás em 2006. Ele disse conhecer o dono da empresa e que a doação está amparada por lei.
Fora do eixo DF-Goiás, a maior doação oficial está registrada em nome do hoje ministro Edison Lobão (Minas e Energia), que em 2002 teve 45% de sua campanha ao Senado pelo Estado do Maranhão financiada pela Linknet (R$ 300 mil). Questionado sobre a doação, o ministro disse, via assessoria, que o país precisa discutir a "questão fundamental do financiamento das campanhas" e que, no seu caso, a doação "se deu na forma da lei".
Além do financiamento direto aos candidatos, a TBA também deu R$ 200 mil ao Diretório Nacional do DEM, em 2006.
O partido marcou para quinta-feira da semana que vem a votação da expulsão de Arruda. Os dados da reportagem foram informados oficialmente à Justiça Eleitoral pelos candidatos e partidos, o "caixa um".


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