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Medidas de Serra abalam relação com Alckmin
Ex-governador se irrita com revisão de contratos e pente-fino no funcionalismo
Tucano que martelou o termo "choque de gestão" também fica contrariado
com Lembo, que não gostou das novas medidas
CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O anúncio de um pacote de
medidas de austeridade fiscal
para o Estado de São Paulo abalou ainda mais a já estremecida
relação do governador José
Serra com o antecessor Geraldo Alckmin. A divulgação do
ajuste também provocou irritação do ex-governador Cláudio
Lembo (PFL), que assumiu o
Palácio dos Bandeirantes
quando Alckmin se afastou para concorrer à Presidência.
Na platéia da cerimônia de
posse de Serra, Alckmin deixou
a solenidade contrariado com o
anúncio de três medidas: a renegociação de contratos, o recadastramento de funcionários
e o pregão eletrônico.
Segundo alckmistas, o ex-governador ficou constrangido
por Serra ter ignorado medidas
adotadas por ele. O grupo de
Alckmin vasculhou arquivos do
governo em busca de uma auditoria feita por ele em 2003, revisando contratos e cargos .
Os alckmistas citam um decreto em que "congela" 17 mil
cargos de comissão. Alckmin
também não teria gostado de
Serra ter classificado os decretos como "faxina" nas contas.
Ainda segundo tucanos,
Alckmin ficou irritado com o
anúncio da obrigatoriedade dos
pregões como novidade. A adoção de pregão como fonte de
economia de R$ 3 bilhões era
uma das vedetes do discurso de
campanha, marcada pela promessa do "choque de gestão".
No ano passado, Serra e Alckmin disputaram o direito de
concorrer pelo PSDB à Presidência, desgastando sua relação. Hoje, alckmistas encaram
essa como uma estratégia de
Serra para tirar de Alckmin o
rótulo de bom gestor.
Essa interpretação irrita os
serristas, segundo os quais o
governador não vai comprometer seu estilo de administrar só
para não ferir suscetibilidades.
Alckmin também deixou a
cerimônia irritado com Lembo
que, em sua prestação de contas, nem sequer citou o nome
do antecessor, de quem foi vice.
Lembo, por sua vez, está chateado com os serristas que
apontam indícios de reajuste
indevido de valor de contratos
no setor de transportes.
Ao falar em recadastramento
de servidores, Serra admitiu
ainda a possibilidade de existência de funcionários fantasmas na folha do Estado. Ontem,
a equipe de Serra trabalhava
para apagar os incêndios provocados pela declaração.
Embora o recadastramento
esteja a cargo da Secretaria de
Fazenda, foi recrutado um político, o secretário de Gestão,
Sidney Beraldo, para falar sobre o tema. Diz que o objetivo
da medida é "bem maior" do
que detectar fantasmas -seria
uma tentativa de otimizar a estrutura do Estado.
O secretário da Fazenda,
Mauro Ricardo Costa, engrossou o coro do "deixa-disso",
comparando administração a
uma "corrida de revezamento".
"Por mais que Covas, Alckmin e
Lembo tenham avançado, não
podemos retroceder. Nossos
sucessores também terão de fazer mais", disse o secretário.
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