São Paulo, #!L#Sexta-feira, 04 de Fevereiro de 2000


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GOVERNO
Ministro afirma, porém, que Souza Filho faz um "trabalho magnífico" na entidade e será mantido
Funai errou ao demitir por fax, diz Dias

da Sucursal de Brasília

O ministro da Justiça, José Carlos Dias, afirmou que o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Frederico Marés de Souza Filho, errou ao demitir o sertanista Orlando Villas Bôas da entidade por fax.
Apesar dessa crítica, Dias disse que pretende manter Marés no cargo. "As pessoas erram. Não penso em demiti-lo, pois está fazendo um trabalho magnífico na Funai", afirmou o ministro.
Para justificar o elogio a seu subordinado, o ministro disse que "só o fato de não se ouvir falar na Funai já demonstra o bom trabalho". Segundo Dias, "há muito pouca gente apta" a assumir o cargo de presidente da fundação.
O ministro disse que Marés "não foi feliz" no episódio da demissão de Villas Bôas, mas que espera "que tudo isso seja digerido". Segundo ele, embora a maneira de comunicar a demissão tenha sido errada, o desligamento de Villas Bôas era necessário.
Dias reconheceu que a "exposição" a que o indigenista foi submetido foi "constrangedora", mas salientou o fato de que, em seguida, ele foi convidado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso a fazer parte de um novo conselho indigenista, que será subordinado ao seu ministério.
"É importante ter pessoas emblemáticas colaborando com o governo", afirmou o ministro.
O indigenista havia sido contratado para um cargo comissionado na Funai como maneira de complementar sua aposentadoria, considerada muito baixa.
No ano passado, foi sancionada uma lei que estabelece uma pensão vitalícia para Villas Bôas, 86, por seus serviços prestados à causa indígena brasileira.
A lei também determinava que o sertanista não poderia acumular nenhum pagamento como funcionário público.

Quem é Villas Bôas
Orlando Villas Bôas nasceu em 12 de janeiro de 1914 em Botucatu (225 km a noroeste de São Paulo). Jovens escriturários, ele e os irmãos Claudio e Leonardo decidiram, no fim de 1943, integrar a expedição Roncador-Xingu, criada e patrocinada pelo então presidente Getúlio Vargas.
A expedição tinha o objetivo de abrir caminho para a ocupação da região Oeste do Brasil e estabelecer uma ligação pelo interior entre São Paulo e Manaus; partiu do rio das Mortes (Mato Grosso).
Depois de 24 anos, a expedição Roncador-Xingu deixou em seu rastro 35 cidades novas, 19 campos de pouso, dos quais 4 se tornaram bases militares, e o Parque Nacional do Xingu, criado em 1961 com autorização do então presidente Jânio Quadros.
Orlando e Claudio foram indicados duas vezes para o Prêmio Nobel da Paz -em 71 e em 75.


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