São Paulo, #!L#Sexta-feira, 04 de Fevereiro de 2000


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BINGOS
Prefeito diz que Souza tentou convencê-lo a assinar carta contra o Indesp
Procurador é acusado no Congresso

da Sucursal de Brasília

O prefeito de Ametista do Sul (RS), Sílvio Pôncio (PPB), relatou, em carta enviada ao deputado Augusto Nardes (PPB-RS), que o procurador da República Luiz Francisco Souza tentou convencê-lo a assinar documento apontando corrupção no Ministério do Esporte e Turismo e no Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto).
A carta do prefeito foi apresentada ontem por Nardes durante depoimento dos procuradores Luiz Francisco Souza e Guilherme Schelb na comissão especial do Congresso que analisa medida provisória sobre bingos.
Nardes é autor da emenda ao Orçamento de 1999 que destina ao município de Ametista do Sul, um de seus redutos eleitorais, R$ 50 mil para a construção de uma quadra poliesportiva.
Na carta, Pôncio afirma que visitou o procurador na terça-feira porque um convênio firmado por seu município com o Indesp foi considerado irregular. Ele disse que queria entender por que o contrato poderia ser anulado.
O processo relativo ao convênio de Ametista foi mostrado pelo procurador ao prefeito. "De posse do processo, verifiquei que ele estava incompleto, faltando os documentos, que no meu entender já haviam sido entregues e protocolados", diz o prefeito.
Pôncio afirma que, por isso, Luiz Francisco sugeriu que ele escrevesse uma carta afirmando que o Indesp tinha extraviado os documentos. Segundo o prefeito, o procurador "rabiscou em uma folha a forma como deveria fazer o referido documento, pedindo-me que ressaltasse nele a irresponsabilidade do Indesp".
Segundo Pôncio, o procurador teria dito que "esse documento o deixaria mais à vontade para dar a declaração que ele queria contra o presidente do Indesp" na comissão do Congresso.
Luiz Francisco negou a versão do prefeito. Disse que pediu a ele que assinasse um documento contando que nem sequer assinou o convênio firmado com o Indesp. "Afirmei ao prefeito", disse, "que todos os convênios estavam ilícitos e que procuraríamos uma solução jurídica para tentar salvar o interesse das prefeituras, com a anulação dos convênios e a instrução de novos pedidos".
O ministro Rafael Greca (Esporte e Turismo) disse ontem que vai pedir ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, o afastamento de Luiz Francisco Souza de suas funções por conta do relato do prefeito.

Doações
Durante seu depoimento, o procurador afirmou que o empresário Alejandro Viveiros Ortiz, dono de empresas de máquinas caça-níqueis, disse que arrecadou doações com empresários de casas de bingos e entregou R$ 6,5 milhões a um ex-servidor da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Ele teria sido responsável por reuniões com bingueiros para elaborar a portaria 23/99, que liberou o funcionamento das máquinas caça-níqueis. As declarações de Ortiz constam de fita entregue pela revista "IstoÉ" sobre conversa entre o repórter Mino Pedrosa e o empresário. O empresário não foi localizado ontem para comentar as acusações.


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