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COMÉRCIO
Felício se reúne com Amorim
CUT apóia negociação da Alca com restrições
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da CUT (Central
Única dos Trabalhadores), João
Felício, afirmou ontem que a entidade apoiará o governo federal
nas negociações da Alca (Área de
Livre Comércio das Américas),
desde que não haja "prejuízos para os trabalhadores e empresários
brasileiros".
Felício negou, no entanto, que a
CUT esteja revendo seus conceitos sobre a Alca. Segundo ele, o
governo é que mudou. E alegou:
"Cada jogo é uma tática".
"Antes a negociação era só vinculada ao capital. Agora [no governo Lula] existe espaço para
discutir emprego e garantias dos
direitos dos trabalhadores", argumentou o presidente da CUT.
A intenção de Felício foi anunciada ontem na sede da entidade,
em São Paulo, após uma reunião
com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Amorim afirmou que o governo
pretende criar "diálogo permanente" com as centrais sindicais
em torno das discussões sobre a
Alca e a OMC (Organização Mundial do Comércio). Ele sugeriu
que as centrais sindicais se unam,
numa coalizão, para a negociação
desses temas.
Maior central sindical do país,
com 21 milhões de trabalhadores
e 3.200 sindicatos filiados (a Força
Sindical tem 16 milhões de filiados), a CUT era contrária "aos rumos que a Alca está tomando",
segundo declaração dada por Felício em julho de 2001. Na época,
ele defendia a realização de um
plebiscito nacional sobre o tema,
para então saber o que fazer.
O plebiscito foi realizado em setembro último. A CUT participou
da organização, por meio de centenas de sindicatos filiados espalhados pelo país. O protesto colheu 10 milhões de assinaturas,
das quais 98,33% eram contrárias
ao acordo.
Agenda petista
No encontro de ontem -primeira vez em que um ministro
das Relações Exteriores foi à sede
da CUT, segundo Felício-,
Amorim apresentou os três pontos principais da agenda do governo Lula na política externa: a
crise na Venezuela e as negociações da OMC e da Alca.
O ministro também disse a Felício que o governo brasileiro é
contrário à guerra no Iraque, mas
não explicou se haverá um ato
formal do governo contra os
EUA, caso a ofensiva seja iniciada.
Na entrevista após a reunião,
João Felício afirmou que a CUT
não arredará pé da necessidade de
uma revisão na tabela do Imposto
de Renda neste ano. Segundo ele,
essa decisão tem de ser tomada
pelo governo até o final deste mês.
Caso contrário, diz o sindicalista, a CUT está disposta a abrir
ações na Justiça contra o governo.
A idéia é orientar os sindicatos filiados a moverem as ações.
Sobre a sugestão feita pelo ministro, de que as centrais façam
uma coalizão, Felício disse concordar, em tese, mas ainda não
houve reunião para esse fim.
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