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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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COMÉRCIO

Felício se reúne com Amorim

CUT apóia negociação da Alca com restrições

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Felício, afirmou ontem que a entidade apoiará o governo federal nas negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), desde que não haja "prejuízos para os trabalhadores e empresários brasileiros".
Felício negou, no entanto, que a CUT esteja revendo seus conceitos sobre a Alca. Segundo ele, o governo é que mudou. E alegou: "Cada jogo é uma tática".
"Antes a negociação era só vinculada ao capital. Agora [no governo Lula] existe espaço para discutir emprego e garantias dos direitos dos trabalhadores", argumentou o presidente da CUT.
A intenção de Felício foi anunciada ontem na sede da entidade, em São Paulo, após uma reunião com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Amorim afirmou que o governo pretende criar "diálogo permanente" com as centrais sindicais em torno das discussões sobre a Alca e a OMC (Organização Mundial do Comércio). Ele sugeriu que as centrais sindicais se unam, numa coalizão, para a negociação desses temas.
Maior central sindical do país, com 21 milhões de trabalhadores e 3.200 sindicatos filiados (a Força Sindical tem 16 milhões de filiados), a CUT era contrária "aos rumos que a Alca está tomando", segundo declaração dada por Felício em julho de 2001. Na época, ele defendia a realização de um plebiscito nacional sobre o tema, para então saber o que fazer.
O plebiscito foi realizado em setembro último. A CUT participou da organização, por meio de centenas de sindicatos filiados espalhados pelo país. O protesto colheu 10 milhões de assinaturas, das quais 98,33% eram contrárias ao acordo.

Agenda petista
No encontro de ontem -primeira vez em que um ministro das Relações Exteriores foi à sede da CUT, segundo Felício-, Amorim apresentou os três pontos principais da agenda do governo Lula na política externa: a crise na Venezuela e as negociações da OMC e da Alca.
O ministro também disse a Felício que o governo brasileiro é contrário à guerra no Iraque, mas não explicou se haverá um ato formal do governo contra os EUA, caso a ofensiva seja iniciada.
Na entrevista após a reunião, João Felício afirmou que a CUT não arredará pé da necessidade de uma revisão na tabela do Imposto de Renda neste ano. Segundo ele, essa decisão tem de ser tomada pelo governo até o final deste mês.
Caso contrário, diz o sindicalista, a CUT está disposta a abrir ações na Justiça contra o governo. A idéia é orientar os sindicatos filiados a moverem as ações.
Sobre a sugestão feita pelo ministro, de que as centrais façam uma coalizão, Felício disse concordar, em tese, mas ainda não houve reunião para esse fim.


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