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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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NO AR

De volta à guerra

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Quem recorda o impacto de mídia da explosão da Challenger nota que a queda da Columbia vem tendo atenção bem menor.
Ontem, da CNN à Fox News, a prioridade já era outra. Era a guerra outra vez. Na CNN, ouvia-se que "Wall Street ainda está focada na guerra".
Na Fox News, prosseguia o esforço para mostrar o "acúmulo militar" dos Estados Unidos na região do golfo, num ritmo já de cobertura de guerra.
Do mesmo modo, como mostrou a Globo, seguiam na TV americana os esforços contra a guerra, em comerciais com, entre outros, Susan Sarandon. Num deles, a atriz pergunta o que o Iraque fez contra os EUA e um ex-embaixador americano no Iraque diz: Nada.
É lá, na opinião pública local, que ainda resta esperança de conter a guerra.
Fora, no resto do mundo, todos se preparam. No Brasil, Antonio Palocci, José Dirceu e Aloizio Mercadante se revezaram no esforço de conter o temor do impacto da guerra.
Para o primeiro ministro, o efeito será temporário. Para o segundo, a produção de petróleo no Brasil garante abastecimento em preços "compatíveis com a economia popular".
E o senador citou a retomada na produção venezuelana. Obra de Lula, só faltou dizer.
 
Enquanto na Venezuela Hugo Chávez comemorava o fim da greve geral, segundo a Globo, em São Paulo a greve dos ônibus transtornava o PT.
No poder na cidade, os petistas não demoraram a acusar, como Chávez, a comunhão de empresários e sindicalistas. De um secretário, na CBN:
- O que tem aí, na verdade, é que estamos nos esforçando para implantar um novo modelo de transporte. E está havendo uma ação da Transurb, do sindicato das empresas. E o sindicado dos trabalhadores serve como instrumento.
Foi assim que tudo começou, na Venezuela.
 
A saraivada contra o Fome Zero não diminuiu, pelo que se vê na Globo, o "sebastianismo" em torno de Lula.
A emissora mostrou os visitantes, "centenas", que fazem fila para ver o Palácio do Planalto. Em especial a "nova atração turística em Brasília, o gabinete presidencial":
- Para decepção dos turistas, não está incluído o encontro com o dono da sala...
Para além da ironia, ficou o comentário final:
- Uma sala sem luxos, mas imponente. O significado dela emociona os visitantes.
Até a Globo.


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