|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula avisa PT que não aceitará restrição
a coligações na campanha à reeleição
JOSIAS DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva informou a integrantes da
cúpula do PT que não admitirá
ingerências do partido na composição das alianças partidárias para
a campanha da reeleição. Disse
que a política de alianças será definida e administrada por ele.
Integrantes da ala mais à "esquerda" do partido defendem a
adoção de critérios restritivos.
Vem daí o incômodo de Lula. Ele
não admite que o PT dê "um passo atrás" em relação à campanha
de 2002. À época, sob o tacão de
José Dirceu (PT-SP), o PT optou
por uma estratégia de coligações
ampla, incorporando legendas ditas "conservadoras", como o PL
do vice José Alencar (hoje filiado
ao recém-criado PRB).
Lula argumenta que, como candidato, cabe a ele dar a palavra final sobre as legendas que serão
incorporadas à caravana da reeleição. A hora, diz o presidente,
não é de subtrair, mas de somar.
Afirma que não entrará na disputa para perder. E ameaça: se o PT
quer um candidato exclusivo, que
escolha outro.
O timbre intimidatório de Lula
embute a certeza de que o PT não
tem outra alternativa presidencial. Por isso, o presidente não
aceita imposições da legenda. Diz
que não tem a menor intenção de
seguir eventuais restrições que
possam vir a ser aprovadas pelo
partido. Declara-se farto do que
chama de falta de visão política de
parte do petismo. Ainda não digeriu a resistência da bancada do PT
na Câmara à queda da verticalização -no primeiro turno da votação da emenda constitucional, só
14 deputados da sigla votaram a
favor do fim da regra, enquanto
63 optaram pela manutenção.
Correntes
Há duas teses em debate no PT.
Um naco do partido, aparentemente minoritário, acha que Lula
deve voltar às origens, coligando-se a aliados tradicionais como PC
do B e PSB. Admitem incorporar
no máximo o PMDB. Legendas
como PL, PTB e PP estariam fora.
O argumento é o de que a flexibilidade nas alianças está na raiz das
distorções que perverteram a tesouraria do PT.
Outro segmento do partido, que
seria majoritário, alinha-se mais
ao pensamento de Lula. Acha que,
para vencer e, depois, para governar, é preciso compor um leque
amplo de alianças.
Lula gostaria que o debate sobre
o tema fosse transferido para
abril, quando o PT fará um encontro nacional. Até lá, faria gestões para consolidar a sua posição. Na cabeça do presidente, o
partido deve realizar tantas alianças quantas sejam necessárias.
Em âmbito nacional e nos Estados. Sua principal preocupação é
o PMDB.
O presidente ainda não abandonou o plano de atrair um peemedebista para compor a chapa presidencial. Mas acha que, ainda
que se inviabilize o entendimento,
o PT precisa privilegiar acertos
com o PMDB nos Estados. Imagina que o entrelaçamento das duas
legendas em âmbito estadual permitirá um acerto na esfera federal
para o segundo turno da campanha presidencial.
Josias de Souza escreve o blog "Nos Bastidores do Poder" no endereço
www.folha.com.br/blogs/josiasdesouza
Texto Anterior: Presidente afirma levar fotografia de mamona em mala Próximo Texto: Após divergência, PT deixa para abril debate de alianças Índice
|