São Paulo, segunda-feira, 04 de fevereiro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

O doce da Vale

No esforço para vencer a resistência do governo Lula a seu projeto de comprar a anglo-suíça Xstrata, a Vale do Rio Doce resolveu fazer o que há muito tempo lhe é pedido: anunciar um investimento de monta e não-extrativista no Pará, Estado onde a empresa concentra suas atividades do chamado sistema norte (Carajás). Trata-se de um antigo pleito do governo local, agora encampado pelo Palácio do Planalto.
O objeto do desejo da governadora Ana Júlia (PT), assim como de seu antecessor tucano, é uma siderúrgica, mas a mineradora alega que entrar nesse ramo significaria competir com seus clientes. Como alternativa, a Vale pretende instalar ali uma fábrica para produção de equipamento ferroviário.

Quase lá. A fatura ainda não está liquidada, mas, de acordo com um auxiliar direto de Lula, o presidente ficou "sensibilizado" com os argumentos pró-compra da Xstrata que o CEO da Vale, Roger Agnelli, apresentou-lhe em duas conversas recentes.

Sem essa. O DEM entrará na Justiça contra Orlando Silva, que devolveu R$ 31 mil gastos com cartão corporativo. O partido alegará que o gesto não apaga eventuais infrações cometidas. O ministro do Esporte diz que tomou a iniciativa por razões políticas e que, se ficar demonstrada a correção de suas despesas, pedirá ressarcimento do valor.

Excursão. Os "demos" usarão o período pré-eleitoral para esgotar as oportunidades de alavancar Gilberto Kassab. No dia 25, desembarcam em São Paulo 20 pré-candidatos a prefeito de capitais do partido para fazer "estágio" na administração do correligionário.

Fora de forma. A ala do PT que torce o nariz para a aliança com o PSDB em Belo Horizonte (MG) tentou lançar o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, como opção. O outro lado tratou de lembrar que o ministro não disputa eleição desde 1982.

Fronteira. Aliados do prefeito Fernando Pimentel não gostaram nada da ofensiva de Ricardo Berzoini contra o acerto tucano-petista em BH. Dizem que o presidente da sigla se elegeu de maneira "pouco confortável" e que sua influência se restringe a SP.

Sem-teto. A segurança da Presidência vetou a mudança de Lula para o Buriti, como ofereceu o governador José Roberto Arruda (DF). O palácio é muito próximo da rua, o que deixaria o presidente mais vulnerável a protestos. As opções são alojá-lo num anexo do Planalto ou no Centro Cultural Banco do Brasil.

Bomba-relógio 1. Diante da iminência de novo conflito entre índios e arrozeiros na região da reserva de Raposa-Serra do Sol, em Roraima, o Conselho Indígena do Estado encaminhou ofício à ONU e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos pedindo "proteção à vida" na região.

Bomba-relógio 2. Há duas semanas, um líder indígena foi preso por porte ilegal de arma e um soldado do Exército foi atingido com uma flecha na área da reserva.

Faltou combinar. O DEM pode até abrir mão de requerer na Justiça Eleitoral o mandato de Edison Lobão Filho (MA), o senador que, agora, procura banir da legenda. Acontece que o Ministério Público e o terceiro suplente de Lobão podem, em tese, ajuizar a ação caso o partido não o faça em 30 dias.

Torneira aberta 1. O Espírito Santo passa a despachar hoje para o Rio 5 milhões metros cúbicos diários de gás natural. O volume é o suficiente, segundo autoridades do setor, para reequilibrar a distribuição no Estado.

Torneira aberta 2. Até o fim do ano, as novas jazidas capixabas da foz do rio Doce devem ser responsáveis pelo envio de 20 milhões de metros cúbicos/dia de gás para toda a malha Sudeste.

Tiroteio

Esse nervosismo todo do Jungmann tem um motivo: ele está em busca do caviar perdido.


Do titular do Planejamento, PAULO BERNARDO , sobre o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que foi ministro no governo FHC e hoje defende a CPI dos cartões corporativos sob o argumento de que é preciso investigar a tapioca para descobrir "onde foi parar o caviar".

Contraponto

Força do exemplo

Tarde de sexta, véspera de Carnaval. Mais de 30 pessoas se aglomeravam na delegacia do bairro de Santa Teresa, no Rio, para dar queixa de furto de carteiras e celulares durante o desfile do bloco "Carmelitas". O deputado Chico Alencar (PSOL), que acompanhava um amigo, foi reconhecido por uma das vítimas, que se pôs a discursar:
-Tudo isso é culpa da colonização portuguesa! Se os franceses tivessem ficado aqui, a situação seria outra!
Alencar ia citar as dificuldades de Guiana e Haiti, colonizados pelos franceses, mas uma moça encerrou o papo:
-O problema é outro: o pessoal vê a roubalheira lá em cima, até com esse tal de cartão corporativo, e fica à vontade pra roubar os cartões da gente aqui embaixo...

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