São Paulo, segunda-feira, 04 de fevereiro de 2008

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Saída de ministra preocupa movimento negro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise provocada pelo uso irregular do cartão corporativo do governo, que culminou com a demissão da ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), atingiu tanto o movimento negro quanto as políticas voltadas ao setor. A opinião é de especialistas e integrantes do movimento negro ouvidos pela Folha. Alguns identificam a saída de Matilde como uma vitória de uma camada da sociedade contrária a ações anti-racismo.
"A saída da ministra é uma vitória das pessoas que não concordaram com a criação da própria secretaria. É uma vitória das pessoas contrárias às políticas de ações afirmativas para a população negra", diz Kabengele Munanga, professor de antropologia e diretor de estudos africanos da USP.
Com a saída de Matilde (PT-SP), Martvs das Chagas (PT-MG), até então o número dois da secretaria especial, assume como ministro interino. O presidente Lula decidirá sobre efetivá-lo ou não após o Carnaval.
Por conta do uso irregular do cartão corporativo, a ministra pediu demissão anteontem.
"O movimento sai riscado. E a gente sabe que os que concentram a renda do país, onde a maioria não é negra, influenciaram contra a secretaria e contra a ministra", opina Edgard Moura Amaral, secretário nacional de formação dos agentes pastorais negros.
Em 2007, Matilde gastou R$ 171 mil com o cartão, incluindo gastos pessoais. Ela tentou resistir à crise até a audiência de anteontem com o presidente, mas não obteve retaguarda.
Para o professor Nelson Inocêncio, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da UnB (Universidade de Brasília), a demissão de Matilde traz um prejuízo conjunto.
"Na medida que existe um descontentamento com essa secretaria, tudo serve de pretexto. É um prejuízo à secretaria, às políticas e ao movimento", declara.
(EDUARDO SCOLESE)


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