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Saída de ministra preocupa movimento negro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise provocada pelo uso irregular do cartão corporativo
do governo, que culminou com
a demissão da ministra Matilde
Ribeiro (Igualdade Racial),
atingiu tanto o movimento negro quanto as políticas voltadas
ao setor. A opinião é de especialistas e integrantes do movimento negro ouvidos pela Folha. Alguns identificam a saída
de Matilde como uma vitória de
uma camada da sociedade contrária a ações anti-racismo.
"A saída da ministra é uma
vitória das pessoas que não
concordaram com a criação da
própria secretaria. É uma vitória das pessoas contrárias às
políticas de ações afirmativas
para a população negra", diz
Kabengele Munanga, professor
de antropologia e diretor de estudos africanos da USP.
Com a saída de Matilde (PT-SP), Martvs das Chagas (PT-MG), até então o número dois
da secretaria especial, assume
como ministro interino. O presidente Lula decidirá sobre efetivá-lo ou não após o Carnaval.
Por conta do uso irregular do
cartão corporativo, a ministra
pediu demissão anteontem.
"O movimento sai riscado. E
a gente sabe que os que concentram a renda do país, onde a
maioria não é negra, influenciaram contra a secretaria e
contra a ministra", opina Edgard Moura Amaral, secretário
nacional de formação dos agentes pastorais negros.
Em 2007, Matilde gastou R$
171 mil com o cartão, incluindo
gastos pessoais. Ela tentou resistir à crise até a audiência de
anteontem com o presidente,
mas não obteve retaguarda.
Para o professor Nelson Inocêncio, coordenador do Núcleo
de Estudos Afro-brasileiros da
UnB (Universidade de Brasília), a demissão de Matilde traz
um prejuízo conjunto.
"Na medida que existe um
descontentamento com essa
secretaria, tudo serve de pretexto. É um prejuízo à secretaria, às políticas e ao movimento", declara.
(EDUARDO SCOLESE)
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