São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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Dilma diz querer Ciro em seu palanque

Após pesquisa indicar que deputado ajudaria a levar eleição ao 2º turno, petista afirma que respeita decisão dele sobre candidatura

Ciro insiste em concorrer à Presidência e afirma que iria "espernear muito" se partido pedisse para ele disputar o governo de São Paulo


ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A ministra Dilma Roussef (Casa Civil), provável candidata petista à Presidência, afirmou "admirar" Ciro Gomes (PSB) e que gostaria de dividir o palanque com ele este ano. Porém disse que respeitará a decisão dele sobre a candidatura. A petista não quis comentar a última pesquisa CNT/Sensus, em que se aproxima mais do governador José Serra (PSDB) nas intenções de voto com a presença de Ciro na disputa.
"Eu tenho uma relação muito forte com o deputado Ciro Gomes. Eu convivi com ele diariamente durante o primeiro governo Lula. Tenho admiração por ele. Acho ele uma pessoa leal, correta, inteligente, capaz, uma pessoa de opinião. Gostaria de estar sempre em palanque com ele. Mas não é uma decisão minha, é dele. E eu tenho que respeitar a decisão", disse, após a inauguração de um gasoduto da Petrobras, no Rio.
A pesquisa é o novo argumento de Ciro para disputar a Presidência, uma vez que indica sua ajuda em forçar o segundo turno entre Serra e Dilma. O presidente Lula tenta convencer o deputado a disputar o governo paulista. Para ele, a presença de apenas um candidato governista acentuaria o caráter "plebiscitário" que quer colar na eleição. Lula, que estava no mesmo evento que Dilma, não falou com a imprensa.
A pesquisa CNT/Sensus avalia dois cenários. Com Ciro, Dilma subiu de 21,7% para 27,8%, e Serra obtém 33,2%. Sem o candidato do PSB, a petista tem 28,5% das intenções de votos, mas Serra alcança 40,7%. Apoiadores de Ciro avaliam que, sem ele, há o risco da vitória tucana no primeiro turno.
Dilma evitou analisar os dados. Afirmou que o desejo de dividir o palanque com Ciro se tratava apenas de "uma avaliação hipotética". "Não sou nem pré-candidata. E não é por um motivo simplesmente legal e jurídico. É também por motivo político. Ninguém é candidato de si mesmo. Não tenho nenhum processo que me legitime como candidata. Se for indicada no Congresso do PT, aí não serei nem candidata, serei pré[-candidata]", afirmou.
"Nada na vida se ganha com sapato alto. Pesquisas são pesquisas. Elas não podem ser tomadas como algo definitivo. Ninguém põe sapato alto e sai por aí subindo na vida", disse. O dado da pesquisa mais comemorado entre os petistas foi a liderança simbólica da ministra (que está empatada tecnicamente com Serra) na resposta espontânea. Dilma obteve 9,5% das intenções, e Serrra, 9,3%.
Sobre a declaração de Dilma de dividir palanques com ele, Ciro disse ontem que se sentiu "muito honrado" e "lisonjeado". "Vocês sabem do carinho e do respeito que tenho pela ministra. Mas eu quero ser candidato e, se ela também quiser, estaremos do mesmo lado político, não eleitoral. E, com certeza, estaremos do mesmo lado no segundo turno", disse.
Ciro também aproveitou para criticar a pesquisa CNT/Sensus, dizendo que ela não merece confiança: "Já tive 8% e a maior rejeição; 40 dias depois, apareci com 17% e a menor rejeição; agora apareço com 12%. Tudo isso sem que haja qualquer motivo para mudanças. Não vou deixar que o Clésio Andrade [presidente da CNT], de Minas Gerais, decida quem será o próximo presidente".
Ontem, apesar de insistir que manterá sua candidatura ao Planalto, Ciro disse que, se o PSB pedir, deixará de ser candidato, mas vai espernear se quiserem indicá-lo ao governo de SP: "Vou resistir firmemente. Quero ser presidente. A única circunstância para eu desistir é se o PSB pedir para retirar meu nome, aí eu aceito docilmente.
Agora, se o PSB pedir para eu ser candidato a governador de São Paulo, aí eu vou espernear muito e depois resolver". Questionado se desistiria de concorrer à Presidência caso José Dirceu pedisse, Ciro respondeu: "Ele não tem coragem de me pedir para retirar a candidatura, até porque eu mando ele pastar na mesma hora".

Colaborou a SUCURSAL DE BRASÍLIA



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