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TERRA SEM LEI
Chamada de "Pacificação" e desencadeada em 13 cidades, deve durar 4 meses e conta com o apoio do Exército
Operação policial prende 3 no interior do PA
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALTAMIRA
As polícias Federal, Civil e Militar planejam cumprir ao menos
50 mandados de prisão na "Operação Pacificação", iniciada anteontem no Pará.
Até o início da noite de ontem,
três homens haviam sido presos
-um por transporte ilegal de
madeira e os outros dois por latrocínio. A operação deve durar
cerca de quatro meses, segundo a
PF. "O objetivo é cumprir mandados de prisão expedidos pelas Justiças estadual e Federal, além de
apreender armas, coibir o tráfico
de drogas e a grilagem de terras",
disse o superintendente da PF no
Pará, José Ferreira Salles.
A ação foi desencadeada com o
apoio de tropas do Exército em 13
cidades do Pará, nas regiões de
Altamira, Marabá, Itaituba e Novo Progresso. A operação era programada havia dois anos, segundo o GSI (Gabinete de Segurança
Institucional). Foram aceleradas
em razão do assassinato de Dorothy Stang, em Anapu.
O trabalho é coordenado pelo
GSI em conjunto com os ministérios da Justiça, do Planejamento,
do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Agrário, da Integração
Nacional, da Defesa e do Trabalho, além de Incra, Ibama, Secretaria de Comunicação federal e
governo do Pará.
Como parte da ação, agentes do
Ibama interceptaram ontem oito
balsas carregadas de madeira na
região de Porto de Moz. A PF faz
barreiras em estradas e buscas em
vicinais. A operação usará equipamentos do Sivam (Sistema de
Vigilância da Amazônia), além de
sete helicópteros do Exército e
dois da PF. Fora os 2.140 homens
do Exército, a ação conta com 60
agentes da PF, 30 da Polícia Rodoviária Federal e ao menos 150 homens das polícias Militar e Civil
do Pará. O disque-denúncia do
Exército também serve de base.
Segundo o ministro-chefe do
GSI, general Jorge Armando Félix, as operações no Pará não podem ser interrompidas "de uma
hora para outra", e as verbas para
os trabalhos devem ser liberadas
na semana que vem.
Exigência
O superintendente da Polícia
Federal no Pará, José Ferreira Salles, revelou ontem que o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura,
34, o Bida, exigiu que, quando se
entregar ou for preso, não fique
na mesma cela dos outros indiciados pela morte de Dorothy.
Bida foi indiciado como co-autor e mandante do crime pelas polícias Federal e Civil. Está foragido, e os contatos com a PF são feitos por meio de seu advogado,
Augusto Septimio, e de um jornalista paraense, que não teve o nome revelado pela PF.
O advogado nega que Bida seja
o mandante e diz que não mantém contato com seu cliente desde
a fuga, um dia após o crime.
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