São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2005

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TERRA SEM LEI

Chamada de "Pacificação" e desencadeada em 13 cidades, deve durar 4 meses e conta com o apoio do Exército

Operação policial prende 3 no interior do PA

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALTAMIRA

As polícias Federal, Civil e Militar planejam cumprir ao menos 50 mandados de prisão na "Operação Pacificação", iniciada anteontem no Pará.
Até o início da noite de ontem, três homens haviam sido presos -um por transporte ilegal de madeira e os outros dois por latrocínio. A operação deve durar cerca de quatro meses, segundo a PF. "O objetivo é cumprir mandados de prisão expedidos pelas Justiças estadual e Federal, além de apreender armas, coibir o tráfico de drogas e a grilagem de terras", disse o superintendente da PF no Pará, José Ferreira Salles.
A ação foi desencadeada com o apoio de tropas do Exército em 13 cidades do Pará, nas regiões de Altamira, Marabá, Itaituba e Novo Progresso. A operação era programada havia dois anos, segundo o GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Foram aceleradas em razão do assassinato de Dorothy Stang, em Anapu.
O trabalho é coordenado pelo GSI em conjunto com os ministérios da Justiça, do Planejamento, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Agrário, da Integração Nacional, da Defesa e do Trabalho, além de Incra, Ibama, Secretaria de Comunicação federal e governo do Pará.
Como parte da ação, agentes do Ibama interceptaram ontem oito balsas carregadas de madeira na região de Porto de Moz. A PF faz barreiras em estradas e buscas em vicinais. A operação usará equipamentos do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), além de sete helicópteros do Exército e dois da PF. Fora os 2.140 homens do Exército, a ação conta com 60 agentes da PF, 30 da Polícia Rodoviária Federal e ao menos 150 homens das polícias Militar e Civil do Pará. O disque-denúncia do Exército também serve de base.
Segundo o ministro-chefe do GSI, general Jorge Armando Félix, as operações no Pará não podem ser interrompidas "de uma hora para outra", e as verbas para os trabalhos devem ser liberadas na semana que vem.

Exigência
O superintendente da Polícia Federal no Pará, José Ferreira Salles, revelou ontem que o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, 34, o Bida, exigiu que, quando se entregar ou for preso, não fique na mesma cela dos outros indiciados pela morte de Dorothy.
Bida foi indiciado como co-autor e mandante do crime pelas polícias Federal e Civil. Está foragido, e os contatos com a PF são feitos por meio de seu advogado, Augusto Septimio, e de um jornalista paraense, que não teve o nome revelado pela PF.
O advogado nega que Bida seja o mandante e diz que não mantém contato com seu cliente desde a fuga, um dia após o crime.


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