São Paulo, sábado, 04 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE

Para petista, é preciso apenas sensibilidade para captar anseios da população; declaração remonta ao auge da crise política

Governo não precisa saber tudo, diz Lula

DA SUCURSAL DA BRASÍLIA

Ao falar ontem da participação da sociedade na elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "o governo não precisa saber tudo, não precisa compreender tudo".
De acordo com o presidente, o governo federal precisa somente captar corretamente as sugestões da população.
"Vocês fizeram um gesto hoje. O governo não precisa saber tudo, não precisa compreender tudo. O governo tem apenas de ter a sensibilidade para deixar que as pessoas digam ao país o que é melhor para o próprio país, é isso que acontece", disse o presidente, em evento no qual lançou um plano que tem o objetivo de estabelecer as diretrizes para a gestão da água no país até 2020.
Num contexto distinto, a declaração de ontem do presidente, na qual o governo federal ignora certos assuntos, remonta ao auge da crise do "mensalão".
Na época, para se descolar das denúncias de corrupção, Lula buscou dizer que não possui meios para saber de tudo o que se passa no PT e no Planalto. Para não admitir sua omissão, afirmou que foi "traído" e que levou uma "facada nas costas".
Um dia depois de ter insinuado seu apoio à candidatura da ministra Marina Silva (Meio Ambiente) ao governo do Acre, o presidente afirmou que ficou pasmo ao ler os jornais. "Ontem [anteontem] eu terminei a minha fala elogiando a Marina e, pasmem, para a minha surpresa, alguém disse que era porque a Marina era candidata a governadora do Acre. Eu, se tivesse que elogiar a Marina para ela ser governadora do Acre, eu iria pro Acre elogiá-la, e não aqui em Brasília."
Já Marina descartou sua candidatura para disputar o governo. "Se eu fosse candidata, eu estaria com uma melancia na cabeça escrito "candidata". Porque todo candidato quer mais é divulgar que é candidato", afirmou.
Em seguida ela foi questionada se sua declaração valia também para o presidente Lula. "Não, porque o presidente nem está falando que é candidato. Ele está dizendo que vai decidir depois." (PEDRO DIAS LEITE E EDUARDO SCOLESE)


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