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Serra diz que é candidato e convida Aécio para ser vice
Governador avisa ao partido que disputará Presidência e tenta convencer mineiro
Em jantar, Aécio repete que
tentará Senado; em discurso em Brasília, paulista sai em defesa de legado de FHC e
afirma ser preciso fazer mais
Lula Marques/Folha Imagem
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Serra e Aécio durante sessão solene no Senado em homenagem ao centenário de Tancredo
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversas desde a noite
de terça-feira, o governador de
São Paulo, José Serra, admitiu à
cúpula do PSDB que é candidato à Presidência da República.
Serra -que até já discute a data
para o anúncio oficial da candidatura- deixou clara sua disposição de concorrer num jantar na noite de anteontem com
o governador de Minas e vice de
seus sonhos, Aécio Neves.
No encontro, Serra agiu como candidato ao convidar pela
primeira vez de forma direta
Aécio para ser companheiro de
chapa. Mais uma vez, o mineiro
disse não, mas o paulista não
desistiu de convencê-lo.
Aécio afirmou ontem a interlocutores que não tem mais dúvida da candidatura Serra. "Pode esquecer. O Serra é o candidato", comentou, depois da sessão solene do Senado em homenagem ao centenário de seu
avô, Tancredo Neves.
Na conversa, que invadiu a
madrugada de ontem e contou
com a presença do presidente
do PSDB, Sérgio Guerra (PE),
Aécio desencorajou Serra a insistir em seu nome para a vice.
Alegando que poderia contribuir mais para o partido concorrendo ao Senado, argumentou que seria prejudicial à campanha criar falsa expectativa.
Aécio se comprometeu ainda
a obter a vitória do PSDB em
Minas e defendeu o nome de
Tasso Jereissatti (CE) para vice. Horas depois, numa conversa com os senadores do partido,
repetiu seus argumentos. E
apelou: "Por favor, não insistam no meu nome para a vice".
Serra também demonstrou a
intenção de concorrer em diferentes conversas ontem, durante sua passagem por Brasília. Sentado a seu lado, um senador lhe disse que a bancada
do PSDB está à espera de sua
definição. "Sou candidato. Só
espero a data ideal para o anúncio", respondeu Serra, segundo
esse senador.
Em outra conversa, o tucano
reconheceu a hipótese de lançar sua candidatura antes do
prazo fatal para o anúncio, 2 de
abril. Como a data-limite de desincompatibilização coincide
com a Semana Santa, a decisão
não teria impacto se formalizada em pleno feriado. Até lá, ele
se valerá da exposição como governador de São Paulo.
Sinais e discurso
O roteiro cumprido em Brasília atende a pedido de PSDB,
DEM e PPS para que Serra dê
sinais claros de que será candidato, ainda que não anuncie.
Aliados do governador admitem que o espaço para um
eventual recuo é pequeno, mas
ressalvam que ele pode reavaliar a candidatura caso não consiga ter Aécio na vice ou se Dilma Rousseff (PT) ultrapassá-lo
em pesquisas antes do prazo de
desincompatibilização.
Além das conversas internas,
o discurso público do governador de São Paulo já toca explicitamente num dos temas centrais da campanha: a comparação entre os governos do PT e
do PSDB. Em seu pronunciamento na sessão de homenagem a Tancredo, ele criticou o
rótulo de "herança maldita"
usado pelo PT para rechaçar
um possível retorno tucano ao
Palácio do Planalto.
"O PT acabou por ser, por paradoxal que pareça, um dos
principais beneficiários da eleição do primeiro presidente civil e das conquistas sociais e
culturais da Constituição e soube, posteriormente, colher
bons frutos de mudanças institucionais e práticas, como o
Plano Real, o Proer [programa
de ajuda a bancos de FHC] e a
Lei de Responsabilidade Fiscal", disse, repetindo trechos de
artigo seu na revista "Veja".
Ele enalteceu conquistas do
governo FHC sem, no entanto,
fazer críticas à gestão de Lula.
Disse que não se deve negar o
passado, e sim "superá-lo, a fim
de fazer mais e melhor".
Na volta a São Paulo, ainda
que demonstrando certa impaciência e desconforto diante da
avalanche de perguntas sobre
quando definirá se será candidato, Serra deu uma rara declaração: "Eu nunca afastei a possibilidade de vir a ser candidato, coisa que declarei há mais
tempo. Existe a possibilidade
de eu ser candidato? Existe
sim. Ela não foi afastada", disse,
após participar de inauguração
na unidade neonatal do hospital de Sapopemba (zona leste).
Colaboraram a Sucursal de Brasília
e a Reportagem Local
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