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PRIVATIZAÇÃO
Instituição restringe participação de empresas estatais na aquisição da Manaus Saneamento
BNDES limita financiamento a fundos
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) decidiu impor um limite à
participação de empresas estatais
ou paraestatais (como fundos de
pensão de empresas estatais) nos
consórcios interessados em conseguir seu financiamento para
disputar o leilão da empresa Manaus Saneamento S.A.
O leilão estava marcado para
hoje, mas acabou sendo adiado a
pedido das empresas interessadas
em arrematar a companhia.
A decisão sobre o financiamento representa a primeira consequência prática da declaração feita pelo novo presidente do
BNDES, Francisco Gros, durante
sua cerimônia de posse, no mês
passado, de que o banco estatal
não mais daria apoio para "privatizações de fachada".
Segundo a nota oficial distribuída pela instituição, para ter direito
ao financiamento do BNDES no
valor de até R$ 91,9 milhões (50%
do preço mínimo da empresa,
que é de R$ 183,9 milhões), o consórcio vencedor do leilão da empresa amazonense não pode ter
mais do que 25% de participação,
isolada ou conjunta, de fundos de
pensão, fundos de investimentos
geridos por instituição pública,
ou de instituições públicas.
Previ
A limitação imposta pelo
BNDES impediria, por exemplo,
que a Guaraniana, empresa formada pela Previ (fundo de pensão
dos empregados do Banco do
Brasil), por fundos de investimentos do Banco do Brasil e pela
espanhola Iberdrola, tivesse acesso ao financiamento.
A Guaraniana, que recebeu um
financiamento do BNDES para
comprar a baiana Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado
da Bahia), tem composição acionária dividida entre as instituições ligadas ao Banco do Brasil
(58%) e o grupo espanhol (42%).
Em fevereiro deste ano, o mesmo grupo que integra a Guaraniana arrematou a ex-estatal pernambucana Celpe (Companhia
Energética de Pernambuco). Mas,
apesar de ter direito a um financiamento do BNDES para efetuar
a operação, o grupo optou por
não tomar nenhum empréstimo.
A Guaraniana não está entre os
grupos que se candidataram até
ontem a disputar o leilão da Manaus Saneamento.
Até agora, os maiores interessados são: a companhia inglesa
Thames Water; as francesas Generale des Eaux e Vivendi (esta
em conjunto com a Andrade Gutierrez e o Banco Opportunity); e
a empresa argentina Civilia.
Adiamento
Segundo o banco Fator, que
preparou a privatização da empresa amazonense, o governo
adiou o leilão a pedido dos interessados. Eles pediram tempo para examinar as condições de financiamento oferecidas pelo
BNDES. Não foi marcada ainda
nova data para o leilão.
As condições de financiamento
oferecidas pelo BNDES são bastante atraentes: o tomador do empréstimo pagará a TJLP (Taxa de
Juros de Longo Prazo), atualmente em 11% ao ano; mais 2,5% ao
ano de sobretaxa básica; mais
2,5% de sobretaxa de risco. O prazo para pagar é de cinco anos, incluindo um ano de carência.
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