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Lula deve mudar comportamento, diz ex-governador
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender da opinião do ex-governador do Distrito Federal
Cristovam Buarque, o candidato
do PT à Presidência da República
será novamente Luiz Inácio Lula
da Silva, mas seu comportamento
será diferente do adotado nas outras três eleições majoritárias que
disputou. "O discurso de Lula não
pode ser o de candidato. Tem de
ser de presidente. Lula tem que
parar de se comportar como o líder das oposições e se comportar
como presidente", afirmou.
Para Cristovam, que abriu mão
de disputar a posição de candidato do PT a presidente em favor de
Lula -"Sempre disse que não
disputaria uma prévia com ele"-
, as eleições de 2002 darão uma
chance concreta de vitória ao partido, ao contrário do pleito de 98,
em que o presidente Fernando
Henrique Cardoso venceu no primeiro turno.
"Na última campanha, faltou
dizer o que não vamos mudar.
Reafirmar nosso compromisso
com a estabilidade monetária, de
que não vamos romper (a estabilidade), de que não queremos ser
párias. Temos de mostrar que
nosso projeto de mudança é o de
ter um governo sem corrupção,
com participação social e com erradicação da pobreza", afirmou.
Cristovam, que na última campanha colecionou críticas dentro
do partido por ter defendido a
manutenção do ministro da Fazenda, Pedro Malan, nos primeiros cem dias de um eventual governo petista, agora afirma que o
nome pode ser outro, mas tem de
ter a confiança dos investidores e
organismos internacionais.
"Acho que o PT deve anunciar
os nomes do ministro da Fazenda
e do presidente do Banco Central
antes da eleição. E essas pessoas
têm de ser interlocutores confiáveis no cenário internacional."
Segundo Cristovam, que falou
com a reportagem da Folha minutos antes de uma reunião com
Lula, suas receitas já são conhecidas do líder petista. "Já falei tudo
isso a Lula. E a conversa foi agora,
neste ano."
Aclamação
A tendência do PT, segundo
Cristovam e parlamentares petistas ouvidos pela Folha, é aclamar
Lula candidato a presidente. O
único que ainda pode disputar a
convenção com ele é o senador
Eduardo Suplicy (SP), que está
promovendo uma consulta às bases durante este mês.
"Lula é o melhor, diante do seu
nome não tem para mais ninguém e não há tempo para preparar outro nome", disse Cristovam,
admitindo, nas entrelinhas, que
esta será a última campanha presidencial disputada por Lula. "Eu
mesmo teria chances agora. Em
2006, haverá uma fila de candidatos, e eu quero ir para o Senado."
"Não tenho dúvida de que o
candidato será Lula", disse a senadora Heloísa Helena (AL), representante da ala esquerda. Outro
presidenciável, o prefeito de Porto
Alegre, Tarso Genro, também vota com Lula e, ao contrário dos
demais, acha que a prévia com
Suplicy "engrandeceria o debate".
(FLÁVIA DE LEON)
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