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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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NO AR

Euforia e consagração

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Enquanto isso, no Brasil, Míriam Leitão dizia na Globo:
- Foi um dia e tanto para o governo. Popularidade do presidente em alta, mercados eufóricos e vitória consagradora no Congresso.
E o futuro, o futuro:
- Quando se vêem as projeções dos bancos para os quatro anos de Lula, o cenário é bom. O país não vai cumprir a meta este ano, mas a inflação está em queda. O pior passou, nos anos seguintes a taxa vai continuar caindo... O país vai crescer 2% este ano, nos anos seguintes o crescimento será maior. O saldo comercial continuará alto. Os superávits primários serão mantidos.
Este é um país que vai para a frente.
 
Isso, na economia.
Já a violência e sua exploração sensacionalista pela televisão inauguraram nova fase, nos concorrentes Cidade Alerta de Milton Neves e Brasil Urgente de Luiz Datena.
Programas ao vivo, direto da delegacia.
 
De volta à guerra, Rupert Murdoch, o dono da Fox News e de muito mais, quer que acabe logo. Foi em conferência num instituto da Califórnia:
- Vai haver dano colateral. E se você quiser mesmo ser bruto quanto a isso, é melhor acabar com tudo agora do que se alongar por meses.
"Dano colateral" é a expressão usada pelos neoconservadores americanos para a morte em massa de crianças, mulheres e outros civis.
Mas por que tanta pressa? De acordo com Murdoch, porque uma guerra muito prolongada afetaria demais a economia dos Estados Unidos e do mundo. Atrapalharia os negócios. Para terminar, dele:
- Nós (americanos) nos preocupamos demais com o que as pessoas pensam. Nós temos um complexo de inferioridade, parece. Eu acho que o importante é que o mundo nos respeite, mais do que nos ame.
 
A Al Jazeera conseguiu tirar Saddam Hussein do sério. Um de seus correspondentes em Bagdá foi expulso.
Do editor-chefe do canal árabe, Ibrahim Helal, em entrevista à BBC, ontem:
- Nós já enfrentamos muitas coisas assim do governo iraquiano e de outros governos na região árabe. Eles pensam que eles podem impor condições à Al Jazeera.
Nada mal, para uma pequena emissora do pequeno Qatar -desagradar George W. Bush e Saddam Hussein em menos de duas semanas.


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