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ELEIÇÕES 2006/REFORMA MINISTERIAL
Presidente compara eleição com a Copa e diz que o "negócio é jogar para a frente"
Lula empossa seus reservas e pede "coragem" na campanha
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em fala improvisada dirigida a
seus novos ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou ontem o período eleitoral
com a Copa do Mundo de futebol
e pediu "humildade" e "coragem"
aos recém-empossados para "brigar" nos nove meses restantes da
gestão petista.
Em discurso de improviso no
Palácio do Planalto, enquanto
ainda tenta esfriar a crise que culminou na semana passada com a
demissão de Antonio Palocci Filho do Ministério da Fazenda, o
presidente sugeriu que os integrantes de primeiro escalão de governo esqueçam o passado e mirem suas ações naquilo que virá
daqui pra frente. Para dar esse recado, mais uma vez usou uma
metáfora futebolística.
"Não haverá bola atrasada para
o goleiro. Ou seja, no nosso time
nós já sabemos que temos de jogar para o gol do adversário (...) O
nosso negócio é jogar para frente.
A nossa defesa é o ataque."
A fala do presidente ocorreu em
solenidade de posse dos ministros
que assumem na vaga de titulares
que pretendem disputar as eleições de outubro. O Salão Nobre
estava lotado, com cerca de 500
pessoas, entre parlamentares,
funcionários do governo e novos
e antigos ministros.
O recado aos novos auxiliares
de primeiro escalão veio ao final
de um discurso de 40 minutos, no
qual elogiou um a um aqueles que
deixam a Esplanada dos Ministérios. "Nós precisamos trabalhar
mais, muito mais, fazer mais e fazer melhor, porque nós sabemos
o que nos espera", disse.
"O jogo que temos que enfrentar é mais ou menos igual à Copa
do Mundo. Não adianta dizer que
o Brasil é a melhor seleção. Teoricamente é. Não adianta dizer que
o Brasil tem os melhores jogadores. Teoricamente tem. Se a gente
analisar, a gente vai dizer: o Brasil
vai ser campeão do mundo. Todo
mundo sabe que Copa do Mundo
é assim. Como todo mundo sabe
que a disputa neste país também
não é fácil. Nós temos que ter, daqui pra frente, pé no chão, muita
humildade, mas muita coragem
de brigar, porque nós temos muito ainda a apresentar ao povo brasileiro", afirmou o presidente.
O pedido de "coragem" para
"brigar" foi dirigido a Orlando
Silva (Esporte), Paulo Sérgio Oliveira Passos (Transportes), Waldir Pires (Defesa), Pedro Brito
(Integração Nacional), Tarso
Genro (Relações Institucionais),
Altemir Gregolin (Aquicultura e
Pesca), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), José Agenor
(Saúde) e Jorge Hage (Controladoria Geral da União).
Lula pediu a eles que "não inventem" nenhuma "vírgula" nos
próximos meses. O presidente sugeriu que eles coloquem mais lenha para queimar e dêem continuidade aos projetos deixados
por seus antecessores -Agnelo
Queiroz, Alfredo Nascimento, José Alencar, Ciro Gomes, Jaques
Wagner, José Fritsch, Miguel Rossetto, Saraiva Felipe e Waldir Pires, respectivamente.
Ontem pela manhã, separadamente, Lula se reuniu com cinco
desses novos ministros. A alguns
deles, secretários-executivos até
ontem, o presidente teve de se
apresentar. Segundo a Folha apurou, Lula disse a eles que José Agenor (sem partido) é de fato o único ministro interino. Como Lula
quer negociar a Saúde com o
PMDB, teve de anunciar outros
três como interino para simular
incerteza em outras pasta.
Ontem, em meio a elogios aos
antigos ministros e sugestões de
que usem suas ações nas campanhas eleitorais, Lula encontrou
uma brecha para cutucar a imprensa. Ao se referir ao trabalho
de Waldir Pires na CGU, disse que
"a sociedade brasileira ainda não
foi informada corretamente pela
imprensa sobre o trabalho da
Controladoria Geral da União".
Ao final da solenidade, o vice-presidente Alencar defendeu a
nota do Exército divulgada na última sexta, aniversário do golpe
militar de 1964, na qual exalta a
atuação da Força. "Vi e aprovei [a
nota]. É uma exaltação ao Exército e eu, como brasileiro, exalto o
Exército, como ministro da Defesa. Pude conhecer de perto as três
Forças. São realmente instituições
das quais o povo deve se orgulhar,
pelo que elas representam, de trabalho e de comportamento."
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