São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/REFORMA MINISTERIAL

Presidente compara eleição com a Copa e diz que o "negócio é jogar para a frente"

Lula empossa seus reservas e pede "coragem" na campanha

PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em fala improvisada dirigida a seus novos ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou ontem o período eleitoral com a Copa do Mundo de futebol e pediu "humildade" e "coragem" aos recém-empossados para "brigar" nos nove meses restantes da gestão petista.
Em discurso de improviso no Palácio do Planalto, enquanto ainda tenta esfriar a crise que culminou na semana passada com a demissão de Antonio Palocci Filho do Ministério da Fazenda, o presidente sugeriu que os integrantes de primeiro escalão de governo esqueçam o passado e mirem suas ações naquilo que virá daqui pra frente. Para dar esse recado, mais uma vez usou uma metáfora futebolística.
"Não haverá bola atrasada para o goleiro. Ou seja, no nosso time nós já sabemos que temos de jogar para o gol do adversário (...) O nosso negócio é jogar para frente. A nossa defesa é o ataque."
A fala do presidente ocorreu em solenidade de posse dos ministros que assumem na vaga de titulares que pretendem disputar as eleições de outubro. O Salão Nobre estava lotado, com cerca de 500 pessoas, entre parlamentares, funcionários do governo e novos e antigos ministros.
O recado aos novos auxiliares de primeiro escalão veio ao final de um discurso de 40 minutos, no qual elogiou um a um aqueles que deixam a Esplanada dos Ministérios. "Nós precisamos trabalhar mais, muito mais, fazer mais e fazer melhor, porque nós sabemos o que nos espera", disse.
"O jogo que temos que enfrentar é mais ou menos igual à Copa do Mundo. Não adianta dizer que o Brasil é a melhor seleção. Teoricamente é. Não adianta dizer que o Brasil tem os melhores jogadores. Teoricamente tem. Se a gente analisar, a gente vai dizer: o Brasil vai ser campeão do mundo. Todo mundo sabe que Copa do Mundo é assim. Como todo mundo sabe que a disputa neste país também não é fácil. Nós temos que ter, daqui pra frente, pé no chão, muita humildade, mas muita coragem de brigar, porque nós temos muito ainda a apresentar ao povo brasileiro", afirmou o presidente.
O pedido de "coragem" para "brigar" foi dirigido a Orlando Silva (Esporte), Paulo Sérgio Oliveira Passos (Transportes), Waldir Pires (Defesa), Pedro Brito (Integração Nacional), Tarso Genro (Relações Institucionais), Altemir Gregolin (Aquicultura e Pesca), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), José Agenor (Saúde) e Jorge Hage (Controladoria Geral da União).
Lula pediu a eles que "não inventem" nenhuma "vírgula" nos próximos meses. O presidente sugeriu que eles coloquem mais lenha para queimar e dêem continuidade aos projetos deixados por seus antecessores -Agnelo Queiroz, Alfredo Nascimento, José Alencar, Ciro Gomes, Jaques Wagner, José Fritsch, Miguel Rossetto, Saraiva Felipe e Waldir Pires, respectivamente.
Ontem pela manhã, separadamente, Lula se reuniu com cinco desses novos ministros. A alguns deles, secretários-executivos até ontem, o presidente teve de se apresentar. Segundo a Folha apurou, Lula disse a eles que José Agenor (sem partido) é de fato o único ministro interino. Como Lula quer negociar a Saúde com o PMDB, teve de anunciar outros três como interino para simular incerteza em outras pasta.
Ontem, em meio a elogios aos antigos ministros e sugestões de que usem suas ações nas campanhas eleitorais, Lula encontrou uma brecha para cutucar a imprensa. Ao se referir ao trabalho de Waldir Pires na CGU, disse que "a sociedade brasileira ainda não foi informada corretamente pela imprensa sobre o trabalho da Controladoria Geral da União".
Ao final da solenidade, o vice-presidente Alencar defendeu a nota do Exército divulgada na última sexta, aniversário do golpe militar de 1964, na qual exalta a atuação da Força. "Vi e aprovei [a nota]. É uma exaltação ao Exército e eu, como brasileiro, exalto o Exército, como ministro da Defesa. Pude conhecer de perto as três Forças. São realmente instituições das quais o povo deve se orgulhar, pelo que elas representam, de trabalho e de comportamento."


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