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Aliados exigem "porteira fechada" nas pastas
Líderes da base do governo reclamam de quebra de compromisso de Lula e dizem que vão demitir petistas de seus ministérios
PP, que deve tirar petistas das Cidades na semana que vem, diz que presidente tinha permitido as trocas
no 2º escalão em fevereiro
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Surpreendidos com o anúncio do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva de que não haverá
controle absoluto de partidos
sobre seus ministérios, líderes
da base aliada no Congresso
passaram o dia ontem reclamando de quebra de compromisso assumido. Os partidos
informam que não vão cumprir
a ordem e ameaçam demitir petistas do segundo escalão.
Mesmo com a fala de Lula
contra a chamada "verticalização" ou "porteira fechada", segundo o jargão, o PP pretende
mandar embora do Ministério
das Cidades petistas que estão
em postos de comando desde a
gestão de Olívio Dutra, que deixou a pasta há dois anos.
O expurgo deve começar depois da Semana Santa, segundo
um integrante da cúpula do
partido. Há hoje cinco petistas
em secretarias ou diretorias na
estrutura da pasta. A primeira é
a titular da poderosa Secretaria
Nacional de Habitação, Inês da
Silva Magalhães.
De acordo com um deputado
do PP, o discurso de Lula na
reunião ministerial de anteontem é completamente diferente do recado que foi dado a dirigentes do partido em audiência
no dia 13 de fevereiro, no Palácio do Planalto.
Na ocasião, o presidente comunicou que manteria Fortes
na pasta das Cidades e prometeu autorizar a troca de petistas
por indicados do PP.
O partido almeja instalar ex-deputados nos postos hoje ocupados pelo PT. Além da Secretaria de Habitação, há petistas
na Secretaria de Transporte e
na chefia dos departamentos
de Desenvolvimento, Cidadania e Mobilidade Urbana.
Garantias
O PMDB e o PR também dizem que tiveram garantias de
Lula de que poderiam indicar
totalmente os escalões intermediários em seus ministérios.
"O presidente nos disse no final do ano passado que poderíamos verticalizar os Transportes, mas depois voltou
atrás", disse o deputado Sandro
Mabel (PR-GO). O partido tem
a intenção de fazer novas indicações para o ministério, segundo Mabel, mas preservará
técnicos de "competência reconhecida", ainda que de outros
partidos. Há pelo menos dois
petistas nos Transportes: um
comandando a Secretaria de
Transportes Aquaviários e outro no Departamento de Relações Institucionais.
O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), diz que a opção do
presidente por manter o mesmo sistema de indicações de
cargos do primeiro mandato é
temerária. "O modelo do governo passado não deu muito certo. Teve mais erros do que acertos. Repetir é um risco", declarou. Foi a insatisfação do partido de Arantes com o loteamento político nos Correios que gerou a crise do mensalão.
O PT invariavelmente é o alvo da ira dos partidos aliados,
por sua busca por cargos no segundo escalão alheio. Segundo
levantamento feito pela Folha,
há 42 petistas em 11 pastas controladas por outras legendas,
no comando de secretarias, diretorias ou programas.
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